Universo da Obra de Castro Alves em debate na UPE

. 24 março 2009
A diversidade temática da obra Espumas Flutuantes será tema do Seminário sobre Vida e Obra de Castro Alves, que acontece na próxima terça-feira (31/03), no auditório da Faculdade de Formação de Professores de Petrolina (UPE-FFPP), a partir das 16h.

Coordenadora do evento, Ana Patrícia afirma que, ao contrário do que os tradicionais livros didáticos abordam, Castro Alves foi muito mais do que um poeta abolucionista. “Minha paixão pela obra dele começou ainda na escola. Comprei toda a coleção e conheci o poema Boa Noite, no qual ele fala da mulher e altera seu nome quatro vezes ao longo do texto. Descobri um Castro Alves erótico”, declara a professora da UPE-FFPP, que realizou uma dissertação sobre a obra do poeta baiano.



É interessante notar que o poeta, como representante da terceira geração romântica, idealizava o papel da mulher e a representação do amor que se fazia a seu respeito. No entanto, para Castro Alves, era preciso fazer a diferença. A senhora, assim como Eugênia Alcântara – seu grande amor -, teria que ser dominadora e desprovida de qualquer preconceito, caso desejasse conquistá-lo. Diferentemente da cultura patriarcal da época, o poeta defendia a participação da mulher na sociedade.

Ao ler os textos desse poeta, é perceptível a maneira delicada como ele trata o sexo feminino. Se comparada às produções atuais, Castro Alves era menos machista do que algumas das mais importantes autoras do século XXI, que ainda reproduzem concepções patriarcais sobre o universo feminino.


Grupos de Estudo

Para ler e discutir obras da literatura moderna e contemporânea que retratem essa dualidade da escrita feminina, surgiu o Grupo de Estudo de Literatura Feminina Contemporânea (GELFC), formado por estudantes do curso de Letras da UPE-FFPP.


Nesses encontros, monitorados pelo professor doutor em literatura Bruno Siqueira, o grupo analisa produções de importantes escritoras como Clarice Lispector, Marina Colasanti, Raquel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, entre outras. “Nós lemos e discutimos sobre as obras e avaliamos os discursos dessas autoras. Em muitos casos podemos perceber a visão que a mulher tem sobre si mesma, contrariando a ideia de que somos todas feministas”, afirma Simone Alves, que coordena uma das turmas do grupo de estudo.


Os encontros acontecem todas as quartas e sextas-feiras a partir das 18h, na UPE. O GELFC possui duas turmas com quarenta alunos cada. O acesso é aberto à população.



Por Laiza Campos, repórter e foto