VI SEMANA DE PRODUÇÃO ANIMAL

. 18 agosto 2010


Desde domingo, acontece a VI Semana da Produção Animal do Vale do São Francisco dentro da programação da FENCAPRI (Feira de Negócios da Pecuária e da Caprinovinocultura da Vale do São Francisco), na Universidade do Estado da Bahia, em Juazeiro. Criada desde 2005 pelo Departamento de Tecnologias e Ciências Sociais da UNEB, a Semana foi idealizada como forma de complementar a formação dos alunos do curso de Agronomia e fomentar informações e capacitações ligadas à produção agropecuária da região.

De acordo com o professor universitário, José Fernando Bibiano, o resultado da primeira experiência fez fortalecer e dar continuidade às outras edições do evento. “O primeiro evento foi um sucesso e nós não tínhamos capacidade suficiente de atender todos os profissionais, a partir daí decidimos expandir esse evento, aumentando o número de dias. Hoje, ele tomou uma dimensão maior, chegando até mesmo a ter visitantes de outras cidades devido à importância do evento para toda região”, afirma Bibiano, também integrante da equipe de produção do evento.

Especialistas, pesquisadores e profissionais da área oferecem palestras e minicursos até a próxima sexta-feira, com temas voltados ao manejo, produção, tecnologias e beneficiamento de produtos de origem animal, através de parcerias com a UNEB, Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), o Instituto Federal de Educação Tecnológica (IFET), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e ainda instituições particulares envolvidas com a Agropecuária.

Desde segunda-feira, já foram discutidos temas como Manejo Racional na Criação de Peixes, Processamento de Leite de Cabra, Inseminação Artificial Animal, Tecnologia de Carne e Derivados, Boas Práticas de Ordenha em Vacas de Leite e Comercialização Legal do Leite.

Logo abaixo, pautamos para você - caro leitor - um breve resumo das atividades já realizadas e estendemos aqui o nosso convite a que compareça à FENCAPRI e à VI Semana de Produção Animal.


“As questões que dizem respeito à vigilância sanitária com relação ao leite e carnes, e a qualidade do produto final são questões de saúde pública. As nossas feiras refletem essa realidade do desrespeito com a saúde pública, e eu sou bem a favor de feiras, não sou contra feira não. O mundo todo tem feira, eu tive a oportunidade de conhecer uma na Espanha. Feiras livres existem no exterior também, só que são analisadas, elas são inspecionadas. A feira é onde a gente vai buscar o alimento de qualidade com o preço menor, este é o objetivo das feiras, popularizar o bom alimento. Mas infelizmente quando não há vontade política ai a coisa não anda. Um exemplo disso a gente tem aqui bem perto. A ADAGRO (Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Pernambuco) realiza aqui o curso de treinamento para o pessoal dos abatedouros e ofereceu esse curso ao estado de Pernambuco “de graça”. A gente ofereceria todo o curso, para Recife e outras regiões do Pernambuco, iriamos até eles... E até agora ninguém nos requisitou”, afirmou Rogério Manoel L. Campos, Médico Veterinário, durante a palestra Produção e Comercialização Legal do Leite.



“Como estudante de Agronomia eu procuro sempre agregar valor ao meu conhecimento. Eu vejo a importância do processo da higienização do leite, existe uma preocupação muito grande justamente com isso. E a pasteurização, processo muito fácil de fazer, evita muitos problemas, é aquecer o leite e baixar a temperatura bruscamente para eliminar bactérias e microrganismos presentes. No curso, a gente aprende as diferentes etapas de produção do iogurte e dos vários tipos de queijos, trabalhar com leite é trabalhar com o tempo, cada produto exige um tempo diferente de intervalos para fermentação e textura dos queijos por exemplo”, relata Carlos Diogo Almeida Silva, estudante de Agronomia/UNEB.





"No minicurso, os alunos aprendem a fazer queijos de qualidade utilizando o leite pasteurizado. São produtos aceitos pela Associação Nacional de Laticínios. Os alunos vão agregar valor a esses produtos com o máximo aproveitamento do leite. Eles aprendem a fazer iogurte, queijo de minas, queijo coalho, queijo boursin (que é um queijo francês) e bebida láctea. No curso completo, a gente começa desde a ordenha higiênica, passando pela pasteurização até a embalagem. Existe uma diferença muito grande entre o queijo feito em processamento artesanal e o queijo feito em fundo de quintal, muita gente confunde o artesanal com o fundo de quintal. Aqui, no processo artesanal, todas as normas de higiene e acondicionamento do leite são seguidas, o que livra o leite de uma série de contaminações pelo processo de pasteurização, assim evitamos e eliminamos tuberculose, brucelose, difteria e outras doenças. No fundo de quintal o leite geralmente é contaminado com coliformes fecais, o que rende aquele queijo coalho todo furado, que parece uma tábua de pirulitos”, explica Geraldo Magalhães, Zootecnista da EBDA e professor do minicurso: Processamento Artesanal do Leite.


“A Bahia em termos de inspeção e qualidade de leite e carnes está em primeiro lugar no Nordeste. Nós agora criamos o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISB-POA) que é uma ferramenta do Sistema de Inspeção Brasileiro (SISB) em que a Bahia foi contemplada e considerada o primeiro lugar nesse que é o melhor documento de inspeção do Brasil. Desse modo, as indústrias dessa região vão poder colocar seus produtos em qualquer estado do Brasil. Antes a lei 7889 segmentava isso, e hoje nós criamos uma estrutura nova que dá condições para que essas indústrias atinjam todo o mercado nacional”, afirma Adilson Pinheiro de Andrade, Médico Veterinário, especializado em Inspeção pelo Centro de Qualificação e Exelência Profissional (Cequale).


“Nós temos nos cursos de Zootecnia e Medicina Veterinária da UNIVASF um setor de piscicultura bem desenvolvido. Como a pesca na região também é desenvolvida a gente procura agregar valor a estes produtos sempre usando o que tem na região, então se a região tem peixe, a gente experimenta produtos a base de peixe, se tem frutas, a gente utiliza as frutas nos produtos para agregar valor. O que a gente faz é alimentar o peixe, mas pode ser qualquer outro animal, com farinhas de frutas, que são farinhas feitas da manga, do maracujá, da banana e da uva. No caso da uva que é utilizada na região para a produção de vinhos, a parte da uva que sobra com cascas e sementes pode ser aproveitada para alimentar esses animais. Então tu tens um custo de produção mais baixo, porque substitui o milho, que é caro, por um subproduto também rico em nutrientes. Assim o peixe ao ser abatido já tem na carne e na gordura antioxidantes, que são substâncias protetoras pra essa carne e pra essa gordura. É melhor do que se fosse só o peixe alimentado com a ração comum. Esses antioxidantes refletem na saúde humana. As nossas células diariamente morrem e liberam substâncias que fazem com que outras células morram, são os chamados radicas livres. Ao suprir o corpo com novos antioxidantes o homem tem uma menor morte celular e em consequência maior expectativa de vida. O que a gente está vendo aqui hoje no curso de Tecnologia de Carne e Derivados é como incluir essas farinhas de frutas e outros aditivos de melhoramento na carne depois de abatida. Por exemplo, tu fazes um hambúrguer e podes fortificar ele com linhaça, que contém ômega 3. Mas que tal fazer um hambúrguer com gosto de manga? Acrescenta a farinha de manga, aí vai ter um hambúrguer rico em ômega 3 e com mais antioxidantes, bem melhor pra saúde”, recomenda Rogério Manoel Lemos de Campos, Médico Veterinário e professor da UNIVASF. Pesquisador em piscicultura e beneficiamento de carnes, referindo-se sobre "Tecnologia de Carne e Derivados", curso que ministrou durante a Semana de Produção Animal.

Por Raphael Barbosa