Campanha faz apelo para reforma geral no mercado popular Joca de Souza

. 28 maio 2014




O banner que encobre a fachada do prédio já sinaliza que um dos espaços comerciais mais populares de Juazeiro necessita de ajuda: SOS Mercado Joca – Reforma Geral já! O apelo é uma iniciativa da Associação dos Comerciantes do Mercado Joca de Souza Oliveira, presidida pelo comerciante Alexsandro da Silva Santos que há 13 anos trabalha no local. O movimento propõe uma reforma completa e imediata nas instalações do prédio que já atravessa 43 anos de história como uma das feiras livres mais movimentadas da região.

Quem entra no interior do mercado percebe logo os efeitos da decadência do prédio que chegou a abrigar 315 permissionários. Hoje, segundo dados não oficiais, possui menos de 150. Os estreitos corredores por onde passam diariamente cerca de 3 mil visitantes estão degradados. Quando chove a água se espalha como se fossem córregos, obrigando vendedores e visitantes  a fazer malabarismos para não se molhar.

A comerciante Marli Rodrigues atua no mercado desde 1971. Proprietária de um armarinho, ela lamenta a situação porque passa o espaço a começar pela falta de segurança e critica a pouca atenção do município. “Imagine um imóvel que tem seis acessos e apenas um guarda faz a vigilância noturna. As instalações elétricas também são motivos de preocupação constante para todos que trabalham aqui”, argumenta Marli, lembrando o pesadelo do incêndio ocorrido há dez anos que destruiu diversos equipamentos e produtos causando em prejuízos jamais recuperados.

Vendedora de produtos orgânicos e ervas medicinais, Ana Amélia Marques, há mais de uma década repete sua rotina diariamente. Chega às 6 h, espalha as mercadorias na banca e só retorna para casa após as 13 h. Ela também não esconde a preocupação com os rumos do mercado. “Falta organização e a limpeza é precária. Precisamos de diversas intervenções físicas para poder oferecer um melhor atendimento aos clientes”, diz.

Na mesma ala Luiz Alberto comercializa frango e derivados, seguindo uma tradição familiar. Às 5h40 ele ou a esposa, já está a postos para receber os produtos abatidos no dia. Não se queixa de falta de clientes, mas teme perdê-los diante a situação em que se encontra o mercado. “É inaceitável conviver com essa situação em um patrimônio público que pertence ao povo. O mercado de Campinas (SP) serve como modelo e sem ter de ir longe, basta citar o de Uauá, que é de fazer inveja a Juazeiro”, compara Alberto.


Lamento de consumidores

O corretor de jogo do bicho Edgardino Lima, conhecido por Dininho, 62 anos, e o amigo Sebastião Leopoldo, 53, frequentam diariamente o Joca de Souza. São consumidores fiéis conhecidos por todos.  Os dois acompanharam as várias etapas de consolidação do mercado. Há anos provam o café da manhã servido nas barracas. Acostumados com os problemas recorrentes, elas engrossam o coro dos comerciantes. “Quando resolverem todos esses problemas o mercado pode ficar de cara nova e atrair mais consumidores. Ninguém deve ficar de braços cruzado, isso aqui faz parte de nossa história”, diz Sebastião.

Ainda segundo o presidente da associação, o mercado não possui um administrador: “Antes existia, mas a Prefeitura o retirou prometendo indicar um novo nome, o que ainda não aconteceu”, esclarece Alexsandro.
Para ele, o comércio floresceu no entorno do Joca e gerou filhotes como o Mercado Popular e o próprio shopping à céu aberto que se tornou a rua Oscar Ribeiro.  No final do ano passado, a fiscal de obras da Prefeitura, Suely Gomes de Souza, recebeu a missão de cuidar da limpeza do mercado, com o suporte de uma equipe de dez pessoas.

Nas vezes que faltam produtos ou ferramentas para o trabalho de higiene, aponta Alexsandro,  Suely recorre a “vaquinhas” entre os comerciantes para não agravar mais ainda a imagem do local. Embora satisfeita com o trabalho realizado, Suely também reforça o mesmo sentimento dos comerciantes no apelo por uma reforma geral.

                                                                                                                                                por Carlos Humberto