O banner que encobre a fachada do prédio já
sinaliza que um dos espaços comerciais mais populares de Juazeiro necessita de
ajuda: SOS Mercado Joca – Reforma Geral já! O apelo é uma iniciativa da
Associação dos Comerciantes do Mercado Joca de Souza Oliveira, presidida pelo
comerciante Alexsandro da Silva Santos que há 13 anos trabalha no local. O
movimento propõe uma reforma completa e imediata nas instalações do prédio que
já atravessa 43 anos de história como uma das feiras livres mais movimentadas
da região.
Quem entra no interior do mercado percebe logo os
efeitos da decadência do prédio que chegou a abrigar 315 permissionários. Hoje,
segundo dados não oficiais, possui menos de 150. Os estreitos corredores por
onde passam diariamente cerca de 3 mil visitantes estão degradados. Quando
chove a água se espalha como se fossem córregos, obrigando vendedores e
visitantes a fazer malabarismos para não se molhar.
A comerciante Marli Rodrigues atua no mercado desde
1971. Proprietária de um armarinho, ela lamenta a situação porque passa o
espaço a começar pela falta de segurança e critica a pouca atenção do
município. “Imagine um imóvel que tem seis acessos e apenas um guarda faz a
vigilância noturna. As instalações elétricas também são motivos de preocupação
constante para todos que trabalham aqui”, argumenta Marli, lembrando o pesadelo
do incêndio ocorrido há dez anos que destruiu diversos equipamentos e produtos
causando em prejuízos jamais recuperados.
Vendedora de produtos orgânicos e ervas medicinais,
Ana Amélia Marques, há mais de uma década repete sua rotina diariamente. Chega
às 6 h, espalha as mercadorias na banca e só retorna para casa após as 13 h.
Ela também não esconde a preocupação com os rumos do mercado. “Falta
organização e a limpeza é precária. Precisamos de diversas intervenções físicas
para poder oferecer um melhor atendimento aos clientes”, diz.
Na mesma ala Luiz Alberto comercializa frango e derivados,
seguindo uma tradição familiar. Às 5h40 ele ou a esposa, já está a postos para
receber os produtos abatidos no dia. Não se queixa de falta de clientes, mas
teme perdê-los diante a situação em que se encontra o mercado. “É inaceitável
conviver com essa situação em um patrimônio público que pertence ao povo. O
mercado de Campinas (SP) serve como modelo e sem ter de ir longe, basta citar o
de Uauá, que é de fazer inveja a Juazeiro”, compara Alberto.
Lamento de consumidores
O corretor de jogo do bicho Edgardino Lima,
conhecido por Dininho, 62 anos, e o amigo Sebastião Leopoldo, 53, frequentam
diariamente o Joca de Souza. São consumidores fiéis conhecidos por todos.
Os dois acompanharam as várias etapas de consolidação do mercado. Há anos
provam o café da manhã servido nas barracas. Acostumados com os problemas
recorrentes, elas engrossam o coro dos comerciantes. “Quando resolverem todos esses problemas o mercado
pode ficar de cara nova e atrair mais consumidores. Ninguém deve ficar de
braços cruzado, isso aqui faz parte de nossa história”, diz Sebastião.
Ainda segundo o presidente da associação, o mercado
não possui um administrador: “Antes existia, mas a Prefeitura o retirou
prometendo indicar um novo nome, o que ainda não aconteceu”, esclarece
Alexsandro.
Para ele, o comércio floresceu no entorno do Joca e
gerou filhotes como o Mercado Popular e o próprio shopping à céu aberto que se
tornou a rua Oscar Ribeiro. No final do ano passado, a fiscal de obras da
Prefeitura, Suely Gomes de Souza, recebeu a missão de cuidar da limpeza do
mercado, com o suporte de uma equipe de dez pessoas.
Nas vezes que faltam produtos ou ferramentas para o
trabalho de higiene, aponta Alexsandro, Suely recorre a “vaquinhas” entre
os comerciantes para não agravar mais ainda a imagem do local. Embora
satisfeita com o trabalho realizado, Suely também reforça o mesmo sentimento
dos comerciantes no apelo por uma reforma geral.
por Carlos Humberto