Jornalismo e Literatura devem caminhar juntos

. 20 junho 2016

Mesmo com a rotina apressada das redações, é possível adotar um texto jornalístico que se utilize de técnicas literárias para atrair o interesse do leitor. Narrativas envolventes, observação e reportagens aprofundadas podem ser algumas das estratégias usadas pelos repórteres.


                                                                                         Foto: Eduarda Abreu
Essa linha tênue do campo jornalístico e literário foi tema do debate "Um dedo de prosa: Entre o Jornalismo e a Literatura", organizado pela professora Andréa Cristiana e a turma de Laboratório de Criação Jornalística, do curso Jornalismo em Multimeios, da UNEB, campus Juazeiro, na última terça-feira (14/06). Jornalistas e escritores discutiram o processo de criação desses conteúdos e as formas como os profissionais podem se apropriar do viés literário na construção de reportagens.

O livro-reportagem é um exemplo de inter-relação dessas duas linguagens. A jornalista Lícia Loltran, que lançou o livro 'Famílias Homoafetivas: a insistência em ser feliz´, afirma que o repórter deve buscar entender a complexidade de cada entrevistado e garimpar informações que, muitas vezes, passam despercebidas para priorizar um texto narrativo e envolvente.

A coleta de informação e a realização da entrevista foram destacados como aspectos essenciais para uma boa prática jornalística. A jornalista Inês Guimarães defende um jornalismo preocupado em ouvir o que entrevistado tem a dizer. Para ela, muitos profissionais não se interessam no relato do entrevistado, por isso, muitas vezes, os textos se tornam superficiais.  

Segundo o jornalista esportivo Emerson Rocha, no jornalismo especializado é preciso se reinventar a cada dia para trazer novos conteúdos e buscar histórias de personagens que possam despertar o interesse do leitor. Um pequeno detalhe que o repórter observa pode tornar o texto muito mais atraente.

Para o escritor e diretor do Círculo Literário Alternativo Experimental, João Gilberto, todo processo de criação requer conhecimento, leitura e referências culturais. Tanto jornalistas como poetas devem priorizar a construção do texto e observar o uso das palavras, a sintaxe. Ele reconhece, contudo, ausência de uma linguagem poética tanto no jornalismo como na literatura atual. “Falta poesia”, afirma.

por Maria Eduarda Abreu