Foto: Eduarda Abreu |
Essa linha tênue do campo jornalístico e literário foi
tema do debate "Um dedo de prosa: Entre o Jornalismo e a Literatura",
organizado pela professora Andréa Cristiana e a turma de Laboratório de Criação
Jornalística, do curso Jornalismo em Multimeios, da UNEB, campus Juazeiro, na
última terça-feira (14/06). Jornalistas e escritores discutiram o processo de
criação desses conteúdos e as formas como os profissionais podem se apropriar do
viés literário na construção de reportagens.
O livro-reportagem é um exemplo de inter-relação
dessas duas linguagens. A jornalista Lícia Loltran, que lançou o livro 'Famílias
Homoafetivas: a insistência em ser feliz´, afirma que o repórter deve buscar entender
a complexidade de cada entrevistado e garimpar informações que, muitas vezes,
passam despercebidas para priorizar um texto narrativo e envolvente.
A coleta de informação e a realização da entrevista
foram destacados como aspectos essenciais para uma boa prática jornalística. A
jornalista Inês Guimarães defende um jornalismo preocupado em ouvir o que
entrevistado tem a dizer. Para ela, muitos profissionais não se interessam no
relato do entrevistado, por isso, muitas vezes, os textos se tornam
superficiais.
Segundo o jornalista esportivo Emerson Rocha, no
jornalismo especializado é preciso se reinventar a cada dia para trazer novos
conteúdos e buscar histórias de personagens que possam despertar o interesse do
leitor. Um pequeno detalhe que o repórter observa pode tornar o texto muito
mais atraente.
Para
o escritor e diretor do Círculo Literário Alternativo Experimental, João
Gilberto, todo processo de criação requer conhecimento, leitura e referências
culturais. Tanto jornalistas como poetas devem priorizar a construção do texto
e observar o uso das palavras, a sintaxe. Ele reconhece, contudo, ausência de
uma linguagem poética tanto no jornalismo como na literatura atual. “Falta
poesia”, afirma.
por Maria Eduarda Abreu