Cenários e desafios da educação contextualizada no contexto de aprendizagem

MultiCiência 21 setembro 2022



A educação contextualizada é uma ferramenta pedagógica multidimensional de modo que o contexto no qual esteja inserido seja trazido como um mediador da aprendizagem, facilitando a compreensão e valorizando a cultura local.


A dimensão conceitual da educação contextualizada foi um dos temas do XI Workshop Nacional e II Internacional de Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido Brasileiro (WecSab) que teve início nesta terça-feira (20), na Universidade do Estado da Bahia, campus Juazeiro. A professora Ana Célia Silva Menezes, da Universidade Federal da Paraíba, e os professores Edmerson dos Santos Reis e Josemar Martins, da Universidade do Estado da Bahia, participaram da mesa redonda A contextualidade mediando a aprendizagem, e discutiram a importância da educação contextualizada no cenário do semiárido brasileiro.   


A professora Ana Menezes, que participou de maneira remota, expôs a preocupação com o acesso à educação e a permanência dos estudantes nas instituições de ensino, sobretudo no semiárido, que possui altos índices de abandono escolar. Dados do último Censo Escolar do Instituto de Educação e Pesquisas (INEP) apontam que não foram efetivadas 347 mil matrículas no Ensino Médio em 2022.


Doutora em educação, a professora desenvolve estudos voltados para a educação no campo no semiárido como política pública. Para Ana Célia Menezes, o processo formativo deve incluir a complexidade da formação humana, introduzindo o cotidiano dos discentes na prática pedagógica como uma das estratégias para mediar e obter uma aprendizagem significativa. A professora  ressalta que a educação é um direito social e dever do Estado Brasileiro, pois o ensino deve ser comprometido com a vida das pessoas.

 

Professora Ana Menezes na tela e professor Josemar Martins mediando a conversa

Coordenador do XI Wecsab, o professor Edmerson Reis abordou a expansão do conceito de educação contextualizada como uma ideia que se faz presente no mundo, em países como Argentina, Uruguai, Equador, Portugal e Itália, fazendo com que o conceito não seja algo localizado. “A gente aprende a partir de um currículo contextualizado”, afirma. Contudo, reafirmou a necessidade de pensar o contexto de retorno da educação nesse período pós-pandêmico, pois ele acredita que, apesar dos avanços tecnológicos, o contato com o ambiente de ensino e a presença material de alunos e professores propiciam um diálogo fundamental para que haja a construção da estrutura de conhecimento do indivíduo. O docente vê com preocupação o cenário atual dos indicadores da educação nacional, que apontam crescimento dos índices de reprovação e distorção idade-série, cujo indicadores permitem avaliar o percentual de alunos que possuem idade superior à recomendada para a série frequentada.

Professor Edmerson dos Santos apresentou dados dos indicadores educacionais 

Os desafios presentes para implantar o currículo contextualizado foram discutidos pelo professor doutor Josemar da Silva Martins. A primeira dificuldade de se estabelecer uma educação contextualizada é o professor construir os próprios roteiros de trabalho para além do que é orientado por coordenadores pedagógicos. “Muitas vezes, o professor entra em uma sala de 5º ano e pressupõe que aqueles alunos já sabem ler e não se preocupa em saber se eles já sabem. Após descobrir, eles não sabem organizar um trabalho para que eles aprendam”, esclarece Josemar, que incentiva os professores a pensar atividades contextualizadas e individualizadas.


Professor Josemar da Silva Martins mediando a mesa


Para Yanne Caroline, estudante do 3 º período de Jornalismo da Universidade do Estado Bahia, a discussão sobre práticas educacionais é importante no ambiente universitário para entender o que é a educação contextualizada e como ela está ligada diretamente a situação social e econômica de cada região. Além de mostrar como a pedagogia deve olhar para o contexto que estão e inserir elementos culturais no processo da aprendizagem. 

Para acompanhar a discussão, a mesa redonda foi transmitida online no canal do PPGESA  


Por Martha Beatriz Lopes, estudante de Jornalismo em Multimeios- DCH III