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Professor Getro Reis mantém o perfil @librasemcasa |
Para Getro Barbosa dos Reis, professor e tradutor/intérprete de libras e língua portuguesa, o conteúdo que garanta acessibilidade pode ser considerado um método que busca incluir as pessoas. “Para as pessoas surdas, o principal instrumento de acessibilidade é justamente a comunicacional, que majoritariamente usa a língua portuguesa para estabelecer as relações de comunicação, sendo assim ter legendas e/ou janelas em Libras é essencial para que a mensagem chegue nessa importante parcela da sociedade”, esclarece.
Ele faz uma crítica em relação aos tamanhos da janela proposta nos vídeos de acessibilidade. “Alguns meios de comunicação não usam corretamente a janela de vídeo e isso as excluem de uma comunicação precisa na internet”.
Já existem diretrizes e normas que orientam o uso de um quarto (1/4) da tela para as janelas de tradução, contudo não são seguidas pelos veículos de comunicação. A recomendação da Norma ABNT NBR 15.290: 2005 estabelece que o tamanho da janela de Libras deve ter no mínimo, a metade da altura e um quarto da largura do televisor. A norma técnica garante boa visualização dos sinais, entendimento do conteúdo e o acesso à informação. A janela também deve ficar preferencialmente no canto direito da tela.
Aprendizado de Libras
De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2010, cerca de 9,7 milhões de pessoas no Brasil têm algum grau de deficiência auditiva, o que representa 5% da população brasileira. Entre elas, aproximadamente 2,3 milhões têm surdez profunda ou total, o que significa que não conseguem ouvir sons ou falam com muita dificuldade.
A tatuadora e influencer digital, Vanessa Kikuti, descobriu o seu problema de audição em dezembro de 2021 já com 37 anos de idade. Ela comentou em suas redes sociais sobre o diagnóstico de perda auditiva adquirida na fase adulta. “Muitas pessoas me responderam sobre suas questões auditivas, e, ao contrário do que muitos pensam, a surdez não é uma limitação que as impede de realizar seus sonhos e alcançar seus objetivos. Não perdi toda a minha audição, sigo com o aparelho auditivo, mas isso não me limita nem me reduz.”
Ela compreende os desafios que pessoas com deficiência auditiva ou surdas passam no dia a dia e acredita que todos elas têm suas habilidades e talentos únicos. Para se enquadrar, Vanessa se desafiou e partiu dela o desejo de estudar as leis e conhecimentos específicos sobre as questões de acessibilidade. Ela compreende ainda que tem muito a aprender para desmistificar conceitos estigmatizadores em relação à surdez.
Professora de Libras da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro, Antonilde Silva, considera que, para ter a devida acessibilidade e educação inclusão deveria haver mudanças nos métodos de ensino tradicionais, com a inclusão de Libras desde a infância. Ela entende que dar aulas de libras e falar sobre libras demanda muita importância, pois não é sobre somente sobre falar, mas falar o que principalmente se reconhece. “O aprendizado deve acontecer na prática dessa linguagem desde os primeiros anos escolares para que a criança já possa conhecer os primeiros sinais e idealizar e executar os primeiros diálogos com sua família e/ou com as pessoas que estejam próximas a ela”, declara.
A professora Antonilde ministra aulas de libras no DCH III, em Juazeiro, no curso de Pedagogia e Jornalismo em Multimeios, e considera que a inclusão da linguagem de sinais nas redes sociais pode contribuir para estimular o aprendizado da língua, tal como se aprende a língua portuguesa nas séries iniciais.
Reportagem de Edilene Leite.