A presença da literatura e do cinema no ambiente
escolar estimula o despertar da imaginação e criatividade dos alunos.
Entretanto, no Brasil, muitas escolas demonstram ausência dessas artes no
âmbito escolar, muitas vezes por conta da falta de um suporte financeiro por
parte do Estado, o que prejudica o desenvolvimento dos estudantes.
Com a intenção de estimular o acesso ao cinema e à literatura no cotidiano das crianças, o projeto de extensão Cinema
Literário, ocorrido na Fundação Lar Feliz, no bairro da Malhada da Areia,
potencializa o mundo imaginário e a criatividade de forma lúdica.
Em entrevista à Agência MultiCiência, participante do projeto e estudante do curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia, Ruan Lucas Dias dos Santos comenta sobre a importância da presença dessas práticas na vivência das crianças. O projeto Cinema Literária é uma ação extensionista desenvolvida pelos estudantes: Andressa Santos Teles, Bruna de Souza Santos, Elisângela da Cruz Suzarte, Isabel da Nóbrega A. Sampaio, e orientado pela professora Edilane Carvalho Teles.
Ruan Lucas, estudante de Pedagogia. |
MultiCiência: Como surgiu a proposta pedagógica de que filmes e livros poderiam contribuir para despertar a imaginação dos alunos?
Ruan
Lucas: Esse projeto a gente fez no
Lar Feliz, durante o primeiro período de 2022. Foi desenvolvido no Núcleo de
Educom que significa educar com e não educar para, ou seja, nós construímos com
as crianças esse projeto. Nós escutamos as principais coisas que elas gostavam
que era ler e assistir filme. A gente mesclou essas duas ideias e no final deu
esse resultado que foi o projeto cinema literário.
MultiCiência: Qual foi a metodologia usada para a realização
do projeto?
Ruan
Lucas: Foi uma análise
qualitativa. A gente escutou as crianças, como
disse anteriormente, e através das demandas que foram mostradas ao grupo, percebemos que isso era o melhor para
se aplicar no contexto que as crianças de lá vivem. É um contexto no qual as crianças
não possuem acesso a livros nem ao cinema, e a gente toda semana ao iniciar nós
líamos um livro para essas crianças e assim foi desenrolando o projeto.
MultiCiência: Como foram escolhidos os livros e filmes para
gerar o maior engajamento entre as crianças?
Ruan
Lucas: A gente conversou com
Edilane Teles, que é nossa orientadora, e ela nos passou uma lista de livros
que poderíamos usar com as crianças de acordo com a faixa etária delas. E os
filmes a gente deixava as crianças escolherem o que iam assistir, se fosse de
acordo com a idade deles nós passávamos, se não nós exibíamos novas propostas
de filmes para elas.
MultiCiência: Você conseguiu perceber algum tipo de avanço
educativo, social, cultural nas crianças?
Ruan
Lucas: O projeto foi incrível. As
crianças do início não eram as mesmas da conclusão do projeto, pois as crianças
inicialmente não possuíam apreço pela leitura. Na própria instituição Lar
Feliz, havia uma biblioteca que não era usada. Eles não sabiam o que continha
lá dentro, e na conclusão do Cinema Literário, elas já sabiam o que a
biblioteca continha e foram tomando gosto pelos livros e filmes.
MultiCiência: Ao final do projeto as crianças ficaram
sentidas com a despedida do projeto?
Ruan Lucas: Foi uma choradeira, porque as crianças criaram muito carinho por nós, que ficamos toda semana com elas no projeto. Elisângela da Cruz que é minha colega de turma está fazendo um projeto novamente no Lar Feliz e ela conta que tem alguns alunos que sempre perguntam da gente: “cadê tio Ruan”, “cadê tia Isabel”. Além disso, ocasionalmente eu encontro uma menininha que sempre pergunta quando vamos retornar para a fundação, e eu falo que quando tiver um projeto eu irei retornar para lá.
Por Guilherme Passos Gonçalves, estudante de Jornalismo em Multimeios e colaborador do MultiCiência.