Agosto Dourado: a busca pela construção de uma jornada de amamentação mais leve e segura para mães e bebês

Multiciência 21 agosto 2024

O leite materno é o único alimento recomendado nos primeiros meses de vida do bebê. De acordo com a UNICEF, “Os bebês até os seis meses de idade devem ser alimentados somente com leite materno, não precisam de chás, sucos, outros leites, nem mesmo de água.” Pensando na importância dessa conscientização, foi criada em 1990, a campanha “Agosto dourado”, mês reservado a conscientização sobre a importância do aleitamento materno. A cor dourada se refere ao padrão ouro do leite materno.


Mesmo sendo de grande importância, há mães que não conseguem produzir leite, bem como há bebês em UTI 's que necessitam dele, é aí que agem os bancos de leite humano. No Vale do São Francisco, o Hospital Dom Malan é responsável por essa rede de distribuição, através do banco de leite materno que atende a rede PEBA, um dispositivo de regulação que atende os estados de Pernambuco e Bahia.


O banco de leite que atende essa rede funciona há 29 anos dentro do hospital Dom Malan, unidade materno infantil de alta complexidade, na cidade de Petrolina, em Pernambuco, recebendo gestantes de alto risco e bebês prematuros de 53 municípios circunvizinhos. Segundo a ASCOM do hospital, o banco de leite atende bebês prematuros que estão nos leitos de UTI, na Unidade de Cuidado Intensivo (UCI) e no alojamento canguru. “O banco de leite atende mais de 50 crianças”.

Foto: Internet

Diante de uma demanda cada vez mais alta, surge uma das maiores dificuldades encontradas pelas equipes da unidade, que é a falta de leite, pois para suprir essa necessidade as solicitações chegam a atingir em média 10 litros de leite por semana. Pensando em resolver esse problema, o hospital vem realizando campanhas internas de conscientização dentro da unidade, conseguindo então aumentar as doações de mães dentro e fora do hospital, que são visitadas duas vezes por semana para a coleta.


Diversas mães e bebês já foram e são beneficiados por esse banco de leite, não só com doações, mas também com orientações sobre amamentação, como por exemplo, quando caso o bebê não consegue fazer a sucção correta do leite. É o caso de Érica Dias, mãe que já foi beneficiada pelo banco. “Como eu tinha muito leite, eu não fazia uso das doações do Banco de Leite do Hospital Dom Malan. As enfermeiras  acreditavam que meu filho estava com dificuldade na sucção na pega da mama. Então, era retirado o leite da minha própria mama e colocado em uma mamadeira. Eles colocavam uma mangueirinha na mamadeira e aí era a refeição que ele fazia lá no biama”, acrescenta Érica.


Neste cenário, é necessário entender como funcionam esses bancos de leite. A médica Pediatra Flávia Guimarães  explica que os bancos de leite do Brasil trabalham na Rede Nacional de Bancos de Leite, em um sistema de produção, adicionando e recolhendo dados a cada mês, como os volumes de leite pasteurizado, produzidos e número de doadoras nesses períodos. Esses dados são recolhidos através das mães que doam e também das que recebem as doações, geralmente porque algumas delas acabam produzindo pouco leite, por falta do estímulo feito pelos bebês, que nestes casos estão impossibilitados, por estarem em Unidades de Terapia Intensiva, as UTI 's.


Aplicativo “Amamente”, uma ferramenta facilitadora  para a amamentação

Foi pensando na necessidade de informação para as mães que doam, como também para as que recebem as doações, que a professora  Gilvania Paixão criou o aplicativo “Amamente”, fruto de um projeto de desenvolvimento tecnológico realizado no Campus III da Universidade do Estado da Bahia, UNEB, em Juazeiro, disponível para download desde 2023. Unindo essa necessidade à potência da internet para a disseminação de informações. “A mulher que amamenta exclusivamente precisa dispor de seu tempo quase que integral para um bebê, isso é a realidade, e muitas vezes o celular é que acompanha a gente durante o dia, as noites em claro, então por que não transformar esse celular em uma fonte de informação de qualidade também para essas mulheres “, explica Gilvania.



Logo do aplicativo Amamente, criado pela professora Gilvania.



O APP funciona de forma inovadora, trazendo técnicas de manejo de amamentação, superação de dificuldades, favorecimento de mães que estão de volta ao mercado de trabalho para entender os protocolos de ordenha e armazenamento do leite. Esse trabalho conta no momento com três estudantes bolsistas de Iniciação Científica da UNEB, Campus Senhor do Bonfim, que desenvolvem uma pesquisa sobre os benefícios do aplicativo, com profissionais de saúde e o trabalho de divulgação dessa ferramenta.


Uma das estudantes envolvidas nesse trabalho é Iasmin Costa, que entende o aplicativo como uma ferramenta muito importante neste período em que a mãe está amamentando. "O amamente atua como facilitador na vida de tantas gestantes que estão em preparação, puérperas, profissionais e redes de apoio", comenta a estudante, que tem como expectativa melhorar a experiência de lactação para as mães e bebês, pois segundo ela, "o  nosso objetivo é tornar a jornada da amamentação mais leve".


Por Laíse Ribeiro, estudante de Jornalismo em Multimeios e monitora do MultiCiência.