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Créditos: Ariele Lima da Silva. |
O Congresso aconteceu na última semana, entre os dias 10 e 13 de julho, no campus Álvaro Alvim da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. A programação contou com discussões de três temas principais: Inteligência Artificial, COP30 e Meio Ambiente e Democracia e Direitos Humanos, além da participação de pesquisadores, ativistas, jornalistas em formação e profissionais conhecidos como Míriam Leitão, Fabiana Moraes e Flávia Oliveira.
Participando pela primeira vez do congresso, a graduanda Ariele Lima foi uma das contempladas pelas ações afirmativas da ABRAJI, que acontece pelo segundo ano consecutivo, e possibilitou a participação de 30 jornalistas negras, entre estudantes e profissionais formadas. Para ela, a experiência é um divisor de águas, pois proporcionou novas ideias e perspectivas sobre a profissão.
“Saio daqui com várias ideias e muitos insights ao conversar com esses profissionais que estão buscando inovação no jornalismo, além de ser um ótimo lugar para fazer networking. É muito interessante ouvir outras ideias espalhadas por todos os lugares do Brasil para ter perspectivas diferentes, o que nos conecta ainda mais com a profissão. Aqui eu falei sobre quem sou, e vi quem eles eram”, afirma Lima.
Apesar do Congresso ter debates extremamente relevantes, Ariele pontua que o desafio para acessar oportunidades como essa é ser necessário sair da cidade natal e ir para um dos grandes eixos urbanos, por ali estar concentrado grande parte dos jornalistas de destaque. “A parcela de profissionais que estão lá (grandes capitais) é muito pequena considerando a quantidade de comunicadores que temos no Brasil inteiro e que muitas vezes não tem condições financeiras e logísticas de ocupar esse lugar”, conclui Ariele.
Para compreender mais sobre a ação afirmativa da ABRAJI, a equipe da Multiciência conversou com a jornalista Brasília Rodrigues, diretora da Abraji, idealizadora da bolsa para mulheres negras e analista política da CNN, sobre o futuro das mulheres negras na área do jornalismo. “Eu deposito minha fé, esperanças, e meu esforço como agente de transformação e como profissional do jornalismo brasileiro, na confiança de que teremos realizações”, ressalta Rodrigues.
Basília relembra que há um tempo era impensável que mulheres negras ocupassem funções no jornalismo político ou em cargos de lideranças nas redações, algo que vem mudando, com mais profissionais ingressando no mercado de trabalho. A jornalista compreende que é pouco, mas enxerga no caminho cada vez mais pavimentado construído pelas jornalistas negras, a superação dos desafios em busca de um futuro de sucesso para as mulheres negras no jornalismo.
“É muito importante que continuemos realizando encontros para debelar problemas que sempre virão e encontrar apoio no outro, seja por meio de correntes organizadas, como associações e rodas de conversas, mas também naquelas mais simples, como falar com uma melhor amiga ou uma outra jornalista, com a qual se divide a mesma profissão em busca de amparo”, declara Rodrigues.
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Ariele Lima e Basília Rodrigues. Créditos: Ariele Lima |
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Flávia Santos e Brasília Rodrigues. Créditos: Flávia Santos. |
Segundo a jornalista, um dos destaques da programação foi a palestra de Fabiana Moraes sobre jornalismo ativista, em que foi discutida a visão de que só o jornalismo independente é tido como um jornalismo ativista, pois o ativismo não está ligado somente pautas progressistas, já que a mídia comercial também o pratica ao dar voz a pautas da extrema direita. “Essas discussões podem contribuir especialmente para quem vem das grandes mídias, e apesar de saber que quem está dentro do sistema não tem o poder de mudança, acredito que ao abrir a mente para essas questões, se questiona as coisas de formas diferentes”, reforça Santos.
Além dessa, Flávia menciona outras palestras importantes, como uma sobre utilizar dados para investigar gênero e raça, jornalismo esportivo, vida de freelancer, bem como a mesa com Eduardo Faustini, repórter secreto do Fantástico por anos, que trouxe discussões sobre a produção de suas matérias, o que é mais importante e desafiador dentro da área, e como ser um jornalista investigativo, considerando os riscos que se corre.
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Flávia Santos e Eduardo Faustini. Créditos: Flávia Santos. |
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Ariele Lima e Míriam Leitão. Créditos: Ariele Lima. |