Trabalhar a subjetividade presente na cultura sertaneja ajudando a construir um movimento em prol de uma educação contextualizada com o Semiárido que fortaleça a identidade deste povo. Estes foram alguns dos objetivos do VII Workshop Nacional de Educação Contextualizada Para a Convivência Com o Semiárido (WECSAB) e do IV Colóquio de Pós-Graduação, que trabalhou, nos dias 30 e 31 de agosto e 01 de setembro a temática: “Diversidade de direitos em territórios semiáridos”.
Foto: Luana Dias
Esta ideia foi fortalecida durante o segundo dia do evento, que contou com 9 grupos de discussão que explanaram por meio de relatos de experiências as pesquisas que vem sendo realizadas, em que simples tecnologias e práticas inovadoras vem modificando a vida dos sertanejos. Além disso, se discutiu praticas educomunicativas, gênero, problemáticas socioambientais, tecnologias sociais dentre outros vários temas.
De acordo com Miguel Almir Lima, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e palestrante na mesa redonda sobre Corporeidade e Sertania é muito importante relacionar a expressão corporal com as singularidades que o corpo sertanejo possui. “O corpo sertanejo é um corpo agridoce; marcado pela falta de políticas públicas e pela seca, mas também marcado pela poesia de cordel, pelas danças e cantigas que fazem deste um povo que dança, reza e canta”.
Segundo o professor, o sertanejo e as celebrações de sua tradição é o estado de sertania, que é a imagem mítica e poética, que traduz os valores, as crenças e as visões de mundo, que precisam ser respeitados e entendidos dentro e fora da academia.
Outra temática muito relevante e que precisa cada vez mais ser discutida na universidade é a dos povos tradicionais. Uma educação contextualizada que trate do que é seu é muito importante para desfazer os preconceitos existentes nas próprias crianças que crescem na caatinga e que acham que a terra em que vivem é realmente infrutífera. Para isto, é preciso reconhecer e fortalecer o contato destas crianças e consequentemente, promover este contato anteriormente com dos seus educadores.
Uma destas tentativas foi a discussão que ocorreu na mesa redonda: História de vaqueiro: Letramento intelectual nas series iniciais do ensino fundamental, ministrada pela mestranda Mônica Andrade Souza, que pesquisa a construção identitária do vaqueiro e da herança que ele carrega.
“Eu quis pesquisar o vaqueiro porque não o via representado na academia nem na literatura, e quando falavam sobre ele era sempre de uma forma estereotipada e a partir da visão do outro”, Sendo assim, Mônica passou a pesquisar a oralidade e a narrativa sobre a sua história como forma de construir e preservar a sua memória.
Segundo a pesquisadora, a ideia não é dar voz, porque isso pressupõe uma visão de cima para baixo, mas perceber esta voz que ecoa e destrincha-la, discuti-la, e o WECSAB é uma forma de repercutir esta voz tão forte. “Quero, com esta palestra, trazer ferramentas para possíveis estudos e para mudança de discursos, nas universidades e na mídia, além de enaltecer o vaqueiro, para que eles se vejam representado de alguma maneira”, afirma Mônica
Foto: Ingryd Hayara
O objetivo do workshop foi encorajar a manifestação desta cultura, fortalecendo os laços que a constrói e cedendo um espaço que é deles por direito. Pretende-se com isto, construir uma educação inclusiva, sem preconceitos ou estereótipos, em que os alunos se vejam representados nos livros didáticos para que, futuramente, enquanto profissionais façam um papel de representação e conservação, não de deturpação da cultura do semiárido.
Por: Mônica Odilia Santos, Maiara Santos e Lidiane Ribeiro
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