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| Foto: Arquivo Pessoal |
Má distribuição da chuva, desequilíbrio do ambiente e, consequentemente, áreas de desertificação são os principais desafios que o Semiárido e os agricultores enfrentam no manejo das plantações. Diante dessa realidade, o jovem agricultor Guilherme Delmondes, estudante de Agroecologia da Univasf, saiu do interior de Pernambuco para ser o representante das juventudes dos Semiáridos da América Latina na COP 30, realizada em Belém do Pará.
A partir das experiências de sua família, Guilherme começou a pensar em alternativas para os riscos promovidos pela desertificação e as mudanças climáticas no Semiárido. “Esses processos que a gente vem trabalhando e vem justamente sendo esse destaque que a gente levou para a COP, foram essas práticas, como a cisterna, como as silagens, como os sistemas agroflorestais, as curvas de nível”, explica o ativista. Iniciativas tecnológicas ligadas à proposta da Convivência com o Semiárido, práticas que reforçam a agroecologia e sustentam a agricultura familiar.
A COP 30 é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, um encontro global que reúne lideranças políticas, científicas e sociais para discutir soluções e firmar compromissos voltados ao enfrentamento da crise climática. Esse ano, realizada em Belém do Pará, a conferência destaca temas como justiça climática, preservação ambiental e adaptação das populações mais vulneráveis aos efeitos das mudanças no clima.
A ida do estudante ao Congresso foi viabilizada pela Organização Plataforma Semiárido, em um processo que durou aproximadamente um ano, entre estudo, participação em discussões e a produção da carta com a demanda dos jovens do Semiárido entregue à Ministra do Meio Ambiente Marina Silva na COP 30. O processo formativo foi feito com aproximadamente 300 jovens, mas, o processo de escolha para a ida ao congresso, selecionou apenas dez pessoas, entre eles Guilherme Delmondes.
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| Foto: Arquivo Pessoal |
A presença de representações do Semiárido, dentro de um evento com tamanha proporção, em que o mundo estava acompanhando vários processos de negociações, oportunizou que os olhos de figuras poderosas, para além da Amazônia, pudessem ver, conhecer e investir na caatinga, por exemplo. “Foi justamente isso que também a gente pautou dentro da COP, no sentido de ser uma oportunidade muito grande de viabilizar fundos de investimento, muito voltado para a Amazônia, mas também a gente lembrando que existe a Caatinga, que existe o Seminário Brasileiro”, afirma Guilherme.
Ele ainda lembra que a região do Semiárido Brasileiro conta com 30 milhões de pessoas, e muitas dessas estão no campo, diretamente ligadas ao meio ambiente, assim, esses fundos de investimento precisam também voltar para essas populações. Os jovens presentes na COP buscaram inserir nas suas apresentações e, nos espaços em que estavam, a importância dessa região no cenário brasileiro, a quantidade de pessoas e quanto é importante também investir e trazer recursos para essa parte do Brasil. A partir disso, os jovens, por meio do documento “Manifesto das Juventudes dos Seminários da América Latina” produzido na trilha formativa das juventudes com a COP30, reuniram todas as principais demandas dos jovens agricultores que convivem com o Semiárido para que assim informassem os anseios dessa população aos representantes, já que o acesso às salas de negociações (bluezone) não permitiam a livre circulação de pessoas não autorizadas.
O manifesto foi entregue a diversas representações, entre elas, a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, na esperança de que medidas passem a ser tomadas em prol dos anseios desses jovens. Esse documento ressalta que a falta de políticas públicas é a raiz do problema dentro do cenário de desertificação e demais dificuldades na Convivência com o Semiárido.
Intitulada como a COP do povo, pela participação social perceptível, Guilherme acredita que isso tenha ressoado na mesa de negociações entre os países. O estudante afirma a participação na COP30 como positiva para o Semiárido e, apesar de saber que não terão respostas de forma imediata, pela forma burocrática a qual as coisas se resolvem entre os países, sente que fez um bom trabalho e que os grandes representantes ao menos possuem consciência do que acontece nessa região.
“Acho que foi uma grande, grande oportunidade de entender que se a gente se organizar nessa perspectiva coletiva e também individual um pouco também, a gente consegue avançar muito e chegar nesses espaços, porque se não fosse esse processo de forma coletiva, de várias juventudes e também de várias organizações contribuindo, indicando, fazendo, colocando recursos, nenhum desses jovens, nem eu estaríamos lá.”, conclui Guilherme. Com uma imagem positiva sobre a experiência, ele retorna com a certeza de que pelo menos o nome caatinga foi reconhecido nos debates, um grande passo na discussão sobre os biomas e principalmente, para a proposta da Convivência com o Semiárido.
Por Rayssa Keuri e Mellyssa Cavalcanti, estudantes de Jornalismo em Multimeios na Uneb e colaboradoras da Agência de Notícias MultiCiência.













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