Falta de destinação do lixo hospitalar pode trazer riscos à saúde

. 10 abril 2008



A disposição, coleta e tratamento de resíduos sólidos de saúde, mais conhecido como lixo hospitalar, é alvo de preocupação na sociedade. Anualmente, são 30 trilhões de lixo produzidos no planeta. Materiais como seringas, agulhas, bisturis, curativos, remédios vencidos são depositados livremente em lixões, a céu aberto, onde ficam em contato direto com pessoas, animais, insetos.


Produzidos em laboratórios, clínicas, hospitais, farmácias e postos de saúde, o resíduo é considerado um lixo altamente tóxico e perigoso, já que pode conter germes patogênicos (fungos e bactérias), além de diversos tipos de material radioativo, que provocam acidentes como o ocorrido em Goiânia, no ano de 1985. A transmissão de doenças e a contaminação são os principais motivos pelos quais os administradores hospitalares devem se preocupar, pois o lixo pode colocar em risco os pacientes por meio de infecções fatais.

Em Juazeiro e Petrolina, o lixo hospitalar é coletado pela SERQUIP - Tratamento de Resíduos, empresa particular licenciada pelo órgão estadual de controle ambiental especializada no tratamento do lixo hospitalar. A empresa oferece serviços de coleta e transporte, além de tratamento feito por meio da incineração dos resíduos contaminados, proveniente das unidades de saúde.

Não existem dados precisos da quantidade de lixo recolhido nos estabelecimentos de saúde das cidades de Juazeiro e Petrolina. Contudo, calcula-se que duas toneladas de lixo são recolhidas por dia nas duas cidades”. Nos hospitais como Dom Malan, Pró-Matre e Hospital Regional os resíduos têm o mesmo destino: o lixo orgânico é separado do hospitalar e a Serquip recolhe e promove o processo de incineração dos resíduos. Apenas o Hospital Regional de Juazeiro tem uma estação de tratamento, canal por onde escorre os resíduos. Cabendo ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), a responsabilidade pela limpeza periódica e a fiscalização da estação.

Risco á Vida

Quando a inadequação do descarte de resíduos se junta à falta de informação sobre o risco potencial do material, o acúmulo de lixo torna-se um risco à vida. Preocupada com essa situação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Resolução nº 306/2004, que prevê a divisão, tratamento e transporte adequado dos resíduos como responsabilidade de cada unidade de saúde onde foram gerados.


Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico mostram que 63% dos municípios brasileiros possuem coleta de resíduos de serviços de saúde, porém apenas 18% utilizam algum tipo de tecnologia de tratamento, 36% queimam esses materiais a céu aberto e quase 35% não adotam nenhum tratamento.

Os agentes geradores de resíduos, como hospitais, laboratórios, farmácias, são obrigados a contratar os serviços da SERQUIP, mas estabelecimentos de menor porte chegam a contratar empresas intermediárias que recolhem e levam o lixo para a empresa. Em caso de medicamentos vencidos, a Vigilância Sanitária se incube de catalogar e apreender esses remédios.

Por Natália Aguiar