Nos recortes de memória de Maria Franca Pires

. 07 setembro 2008
Pesquisadores mergulham no acervo de Maria Franca e (re) constroem a (s) história (s) de Juazeiro








“Ando nas ruas do centro/ Estou lembrando tempos/ Enquanto lhe vejo caminhar/ Aguando a calçada/ Um barbeia um velho/ Deita a noite e diz poesia (serenata)”. Este é um trecho da música Carta, da cantora e compositora Vanessa da Mata, que compõe o documentário Juazeiro na Esteira da Tempo.


O documentário é uma entre várias ações promovidas pelos estudantes, dos cursos de comunicação social e pedagogia, que são coordenadas pela docente Odomaria Bandeira Macedo, no projeto de pesquisa e extensão O Arquivo de Maria Franca Pires: Memória e História Cultura.


O que mais impressiona no projeto, sejam com “Juazeiro na Esteira do Tempo”, o diário pessoal, os convites ou as peculiaridades da fitas cassetes, é que, a cada momento, as inquietações se tornam mais latentes.


São diversos questionamentos: O que muda com as costuras? O que permanece com os recortes? Que pessoas saem dos retalhos? Que temas são registros? Que lugares se tornam memórias?


Um espaço em que as recordações estão encarnadas em símbolos e imagens, construídas a partir das coisas. Coisas que denotam a inquietação de Maria Franca Pires, uma pessoa que estava sensível as mudanças de uma época que sofria com a dinâmica do progresso capitalista.


Aqui a memória, diversas vezes, é definida como um traço individual que se torna coletivo. Uma coletividade que, ao mesmo tempo, constrói passado, presentifica lembranças e delineia futuro, através da manutenção de monumentos, estátuas, manuscritos e relatos.



Os fatos e os personagens ganham destaque nas pesquisas, mas também os lugares. Pode ser visto, no decorrer do estudo, o processo de transformação da paisagem urbana: o Cine São Francisco dá espaço à instalação das Lojas Maias, o Ideal Palácio é substituído pela Loja Master e a casa de Maria Franca Pires é demolida para construção de um estabelecimento.


O espaço-tempo se confunde e os eventos e personagens da memória se manifestam, ao entrar em contato, com a lembrança material da professora. É o caso de uma estudante de Pedagogia, que remonta as recordações e se emociona, ao ler no caderno n 6, de Maria Franca Pires, a história de Arthur Brandão e das lavadeiras juazeirenses.

Afloram -se a sensibilidade, as recordações e as problemáticas, que revelam a verdadeira importância da preservação da memória na história cultural de um povo. São vestígios que evidenciam a relevância de fatos e datas na produção dos aspectos culturais e sociais de uma sociedade, por meio da coleta, leitura e interpretação do acervo.

É a história de Juazeiro se construindo, a partir da relação pesquisador- objeto-sociedade. A identidade social e cultural preservada pelas fontes, jornais, livros, cadernos, fotografias está está acessível a comunidade e pesquisadores, no DCH-UNEb, na Sala de Projetos do Acervo (dependências do Núcleo de Pesquisa e Extensão (NUPE), situado próximo ao Auditório do Campus III e ao Laboratório de Informática do curso de Comunicação Social). Horário de segunda a sexta, das 9h30 às 11h30.


Por Kall Brito