História da Imprensa, Tempo e Memória

. 02 outubro 2008

A partir da concepção de que o jornal é um documento histórico, relevante para o patrimônio cultural, político e social do Vale do São Francisco, o Departamento de Ciências Humanas (DCH III) promove, hoje, a 78 Sessão Cientifica para resgatar o lugar central que os meios de comunicação exercem na contemporaneidade.


A Sessão Científica é promovida pela docente Andréa Cristiana, com o objetivo de apresentar ao público a produção na área da história da imprensa realizada na instituição. O evento também socializa com a sociedade a importância que o impresso teve nesses dois séculos de existência no Brasil.


O estudo da memória jornalística é realizado por diversos pesquisadores, que defendem a necessidade da manutenção de acervo de períodicos em museus e bibliotecas, locais e nacionais. As pesquisas buscam entender a produção, a ciência, os discursos de uma dada sociedade, através da análise dos periódicos.


Na região do Vale do São Francisco, os trabalhos envolvem noticiosos produzidos em Juazeiro e Petrolina, além de um diário de âmbito nacional. “A imprensa viabiliza uma série, um conjunto de mensagens. É por meio desse veículo de comunicação que o cidadão começa a ter acesso à informação, orienta-se na sua vida cotidiana, educa-se e socializa-se e faz parte também de uma memória. O jornal é um local de memória”, afirma Andréa.


As pesquisas, em torno da história do impresso brasileiro fomentam discussões sobre a importância da educação patrimonial da população. Os estudiosos acreditam que, diversas vezes, a população e o poder público não identificam o jornal como um documento histórico, já que não há políticas voltadas para a preservação dos periódicos.


Com a implantação do Curso de Comunicação Social na região e dos saberes científicos construídos pelos docentes e discentes de jornalismo, cresceu o interesse no resgate da história dos jornais. Já foram produzidos dois trabalhos de conclusão de curso produzidos no DCH III e docentes e discentes apresentam textos em seminários nacionais.


Entre eles, pode destaca-se o estudo realizado por Audimara Lima, estudante de jornalismo, sobre o jornal Tribuna da Luta Operária, que circulou entre 1979 a 1988, em todo o país. A pesquisa retrata a memória de um diário vinculado ao partido comunista do Brasil (PC do B), como organizador do coletivo partidário e defensor da democracia.


“Ele sempre levava o eleitor a procurar novos caminhos para se livrar da ditadura militar, além de falar de assuntos do imaginário comunista, faziam a leitura de Marx, de Lênin, de Stalin. Fazia com que o leitor se identificasse com esse discurso”, afirma Audimara.


Na produção regional, existe o CD-ROM Pharol, Tempo, Imagem & Memória, produzido pelos jornalistas Jean Carlos e Nomeriana Cavalcanti, que recuperaram a história do jornal, o Pharol e do seu fundador, João Ferreira Gomes. O produto multimídia traz o perfil da sociedade petrolinense, da década de 30 e 40, além de temas que foram notícia naquela época, enfatizando desde a construção do patrimônio arquitetônico de Petrolina, até a evolução do emprego da fotografia.


No universo da imprensa local, os estudantes Adzamara Amaral e Daniel Santana estudam o jornal O Juazeiro. Essa vertente trata do registro do noticioso que, em três fases diferentes, circulou na cidade, entre os anos de 1903 a 1954. O trabalho destaca a participação de Demerval Ferreira Lima, que, desde o primeiro momento, marcou sua participação no jornal, tornando-se futuramente o dono de O Juazeiro.


Aos interessados que desejem mais informações, a 78 Sessão Científica “História da Imprensa, Tempo e Memória”, ocorre nesta quinta-feira (02/10), na sala 03 do Departamento de Ciências Humanas (DCH III), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), às 18h. A apresentação será coordenada pela professora Andréa Cristiana Santos, com a colaboração dos jornalistas Jean Carlos e Nomeriana Cavalcanti; e dos estudantes Audimara Lima, Itamara Santos, Adzamara Amaral e Daniel Santana. A sessão tem entrada franca.


Por Kall Britto