Exposição de Euvaldo Macedo Filho abre Mural Galeria

. 02 fevereiro 2009
Na última quarta – feira (28/01) foi inaugurado o Mural Galeria Euvaldo Macedo Filho. Entre milhares de fotografias do arquivo de Euvaldo, vinte e quatro foram selecionadas para a exposição “Cotidianos – uma re-visão do olhar”.

A exposição foi aberta com a apresentação de dois curtas-metragens produzidos pelo fotógrafo Euvaldo: “Curral das barcas”, um projeto que o artista não chegou a terminar, e “Santa”, filme editado recentemente pelo produtor cultural Chico Egídio e pela professora Giovanna De Marco.

Os editores afirmam que montaram o roteiro tentando imaginar como Euvaldo faria o curta. “É interessante que nesse tipo de edição o autor participe, infelizmente ele não teve como participar. Foi a linguagem da época que resgatou como seria essa edição”, explica Chico Egidio.

Inaugurada a exposição, estudantes, professores e fotógrafos apreciaram o olhar do artista que valorizou os sorrisos, o cotidiano e a cultura da região ribeirinha. “A exposição foi um resgate à história de Juazeiro. Ficou a saudade do nosso cais, de como era. Acho gostoso relembrar esse passado”, afirma a universitária, Perla Gabeira.

A sensibilidade de Euvaldo Macedo demonstradas nas belas fotografias em preto e branco causou na professora, Claudia Maísa Lins, boas sensações. “Através das imagens que ele fez da região, quem é daqui se identifica, se vê, tem um sentimento de pertencimento”. Já o fotógrafo Marcos Cesário classifica o olhar do artista como “incomum” para a região. “Ele consegue olhar com a própria mente”, destaca.

“Euvaldo queria capturar as imagens da vida, dos instantes que achava ter poesia, ter beleza estética”, conta a Antropóloga, Odomaria Bandeira Macedo, que conviveu com Euvaldo durante sete anos.

A exposição do “fanático criador de imagens” mostra flagrantes de carinho entre as pessoas nas ruas, brincadeiras de crianças, expressões de alegria e de sofrimento. A mostra é uma memória, traz lembranças e causa surpresas. As fotografias ficam expostas até o dia 19 de fevereiro.


Euvaldo:Vida e inspirações

Euvaldo nasceu em Juazeiro-Ba em 1952. Poeta, fotógrafo e documentarista, adquiriu grande parte de sua formação na prática e através de cursos “livres”, realizados na década de 1970. Em 1975 largou o curso de economia, que cursava na Universidade Federal da Bahia-UFBA, para se dedicar à fotografia e ao cinema. “Eu o conheci com uma câmera na mão, fazendo experimentações”, revela Odomaria Macedo.

No início de sua carreira Euvaldo registrou situações comuns, do cotidiano. Na Orla de Juazeiro, gostava de fotografar o cais, os barcos chegando, a saída dos pescadores pela manhã, os telhados das casas. O Angaris, em Juazeiro-BA, foi um lugar privilegiado, que ganhou destaque com os registros do fotógrafo. A sua primeira exposição, Tristes Angaris, foi uma homenagem ao lugar.

No foco principal das suas obras estava o rio São Francisco. Destaque para figuras como: remeiros, paqueteiros, pescadores, lavadeiras, meninos brincando no lixo, no esgoto, viajantes, os vapores, as embarcações.

Em uma viagem que fez de Juazeiro-BA a Pirapora-MG documentou o comportamento das pessoas, os contrastes, os gestos, as paisagens que se deparava ao longo do percurso. “Euvaldo tinha um olhar muito curioso em relação a contrastes. As fotografias dele são muito marcantes”, considera Odomaria.

O fotógrafo fez cerca de cinco exposições e teve trabalhos publicados em duas revistas de alcance nacional: a Fotocâmera e a Íris. Ganhou um prêmio internacional e participou de uma exposição no México a propósito do primeiro ano internacional da criança, promovido pela UNICEF.

Para Odomaria, o que ele conseguiu publicar foi muito pouco. “Grande parte da produção de suas fotografias, ele mesmo não chegou a ver porque fotografava e guardava os negativos”, diz. Hoje, Odomaria se considera realizada ao ver o trabalho de Euvaldo Macedo Filho sendo mostrado. “Guardei todo material durante 25 anos porque sabia do seu valor cultural e histórico. Mas ainda há fotos para montar muitos livros de fotografias”, finaliza.


Por: Luciana Passos
Fotos: Karine Pereira