Exposição demonstrou a poética dos versos populares

. 14 março 2009
A poética também está no cordel. Com a finalidade de divulgar versos dos cordelistas, a sua forma e manifestações, o Grupo de Estudo de Cordel (Ge Cordel), da Universidade de Pernambuco (UPE) realizou, nesta semana, exposição e debate sobre esta expressão literária.

O evento foi promovido para que a sociedade conheça diversas formas literárias poéticas e desmistifique a imagem de que poesia é somente a forma culta, erudita. Segundo o coordenador do projeto, Genivaldo Nascimento, é preciso abordar as transformações pelas quais têm passado o cordel após sua apropriação pela indústria cultural.


Os meios de comunicação informam, trazem conhecimento à sociedade e promovem a difusão da cultura. Foi o que aconteceu com o cordel. Mas há quem julgue não ter sido benéfica a interferência dos meios. “A internet ajudou a divulgar o cordel para quem acessa a mídia, o que representa menos de 15% da sociedade. Ampliou, mas só para a classe média. O que foi que mudou para o povo o fato o cordel ter ido para a internet, universidades e livrarias? Os cordelistas estão sendo divulgado mas para quem já tem acesso a outros meios – o que não pode ser considerado de todo como algo positivo”, afirma o coordenador do projeto.


Durante a exposição, professores e alunos participantes do Ge Cordel debateram com os que visitaram a exposição sobre a importância de pensar no próprio cordelista o qual, geralmente, mora afastado dos grandes centros urbanos. “Os governos devem estar atentos, pois se o cordel deixar de ser vendido nas feiras a 1R$ (um real) e passar a ser vendido nas livrarias, acabou o cordel para as classes populares. Todo progresso promove mudança, mas nem toda mudança traz progresso”, declara Genivaldo Nascimento.


O Ge Cordel pretende realizar outras exposições para discutir as perspectivas atuais dos versos populares e a sua importância nas obras de Drummond, Ariano Suassuna e Ferreira Goulart. Para o grupo é preciso refletir questões como: se é o cordel é uma expressão literária popular, o que o povo ganha com isso?




Por Laiza Campos, repórter e foto