A arte das mulheres chiteiras

. 19 abril 2009

Cintura fina, quadris largos, seios fartos. Assim, são as mulheres retratadas em papel machê que estão expostas no Museu Regional do São Francisco, na cidade de Juazeiro. Com rostos maquiados, vestidos estampados, acompanhados de pulseiras, colares, brincos e anéis, elas encantam pela exuberância e pelo realce dos traços femininos.

A exposição em papel machê foi criada em ateliês improvisados há pouco mais de um ano pelas mulheres chiteiras da colina, como elas se denominam. As artesãs residem no Palmares, um bairro periférico de Juazeiro e produzem suas peças à tarde no quintal de uma das chiteiras.

O grupo formado por seis mulheres foi batizado de chiteiras porque, segundo as integrantes, a chita é o tecido de pobre. O tecido de algodão com grandes flores estampadas pode ser visualizado nas próprias esculturas, cujas vestes são pintadas de forma semelhante à da chita, imitando forma e textura.

Além de ser uma manifestação cultural, o artesanato para as chiteiras surgiu como uma forma de entretenimento, como afirma Maria das Dores Martins, uma das artesãs. “Com o trabalho com essas esculturas a gente fica entretida; a gente esquece do mundo”, ressalta. Ao invés de ser apenas uma atividade corriqueira na vida dessas mulheres, a exposição traduz uma forma de expressão da arte popular.

A diretora do Museu Regional do São Francisco, Rosy Campos, ressalta as suas impressões sobre a exposição “Eu acho o trabalho belíssimo, diferente, criativo inovador”, enfatiza.

Inspiradas em letras de música, foram esculpidas oito esculturas de mulheres que sutilmente imperam entre a linha do imaginário e do real. Geni e o Zepelin de Chico Buarque, Tigresa, de Caetano Veloso e Maria, Maria de Milton Nascimento são algumas das composições que serviram de mote para a criação dessas obras. Todas as peças foram vendidas para o empresário Cléber Dantas, com o objetivo de conseguir recursos para comprar um terreno para construção de um ateliê.

As peças das mulheres chiteiras ficam em exposição no Museu Regional do São Francisco até o final deste mês de abril. O acervo contém ainda cabides, pulseiras, bonecas e galinhas também confeccionadas com papel machê, como também bolsas de tecido bordadas.

O acesso à visitação do Museu custa um real e o horário de funcionamento é das 8h às 18h de segunda a sexta, de 8h às 12h no sábado e de 16h as 20h no domingo

Por Elka Kelly, texto e foto