Mudança no sistema de avaliação para entrada no ensino superior gera dúvidas entre estudantes

. 10 junho 2009

O tão temeroso vestibular pode estar com os dias contados, pois o Ministério da Educação e Cultura (MEC) anunciou no final do mês passado uma mudança no sistema de avaliação para o ingresso de estudantes no ensino superior. As universidades federais tiveram até o dia 20 de maio para aderir à proposta do exame nacional do ensino médio (Enem). No entanto, antes deste prazo, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) já definiu pela mudança na seleção dos novos alunos.

A proposta do MEC tem o objetivo de fazer uma transformação na forma em que os alunos são escolhidos, tirando o peso da memorização dos testes. As provas terão um formato interdisciplinar e avaliará a capacidade de interpretação e compreensão de assuntos sociais e de meio ambiente. Isso já vem ocorrendo nas provas do Enem desde 1998, quando ele foi implantado.

De acordo com o professor Josemar Martins, conhecido como Pinzoh, outros países do mundo têm seleção única de avaliação para a entrada no ensino superior. "O vestibular se tornou uma coisa cultural e nós internalizamos isso. Acho que é importante mudar, mas vamos ter dificuldade de fazer uma transição, pois essa mudança não chegou de forma muito clara. A tendência é que haja a produção de um sistema de avaliação no ensino médio. Isso tem uma parte boa, que é criação de parâmetros comuns de avaliação, e a ruim, que é a perda da diversidade de trabalho das escolas", explicou Pinzoh.

A notícia da nova seleção da UNIVASF pegou de surpresa os alunos de escolas públicas, particulares e cursinhos da região. Muitos estudantes estão preocupados, pois desde o início dos estudos no ensino médio, já estavam pensando no vestibular. Camila Santos está cursando o último ano do ensino médio e está se preparando para obter uma vaga no curso de psicologia na federal do São Francisco. Ela diz estar ansiosa com a mudança, pois não sabe ainda a diferença entre o vestibular e o Enem, mas acredita que será bom para todos os estudantes de escolas públicas. "Até o momento, aqui na escola, não nos disseram o que vai mudar com a nova prova. Eu vou ter que fazer um cursinho de isoladas para ficar preparada para o Enem", afirma a estudante.

Já sua amiga Elen da Silva, confessa que não está muito a vontade com a notícia do novo processo seletivo. "Acho que o vestibular é muito difícil, mas no cursinho a gente já viu muitas questões do vestibular e o Enem é algo novo para mim. Eu espero que os professores mostrem como é a prova", diz a aluna do CODEFAS que está se preparando para cursar enfermagem.

Nesse novo momento, as escolas precisam se adaptar à nova forma de avaliação e tentar aproveitar o tempo que resta até o dia das provas avaliativas da UNIVASF. A direção do Colégio Estadual CODEFAS diz que vai preparar um material específico com questões do Enem. "Eu acredito agora existe uma vantagem, que é o fato de cinquenta por cento das vagas serem destinadas para o aluno da escola pública e isso é muito bom, nós vamos fazer o possível para que os nossos estudantes consigam essas vagas", completa a vice-diretora Maria Campos.

A grande mudança mesmo é que a prova será unificada e com uma única nota o aluno poderá concorrer a vagas em mais de uma faculdade. A decisão de aderir ao novo modelo ou manter o vestibular será de cada instituição de ensino superior, seja ela particular ou pública. A prova do Enem vai ser composta por duzentas questões de múltipla escolha e redação. Mesmo que nessa primeira etapa nem todas as universidades tenham adotado a nova proposta, não se pode negar que a mudança no processo seletivo para o ensino superior já começou e veio para ficar.




Texto e foto: João Barbosa