Ciclo de Debates discute os desafios da Comunicação Popular

. 15 julho 2009
Comunicação popular como campo de atuação da atividade jornalística e o coronelismo eletrônico foram discutidos ontem (14/07)no segundo dia do Ciclo de Debates Profissão Jornalista no curso de Comunicação Social Jornalismo em Multimeios, do Departamento de Ciências Humanas (DCH), UNEB.


O debate, mediado pela professora Tereza Leonel, teve a participação como palestrantes da jornalista e professora da UNEB Ceres Santos, dos profissionais Ana Jamille, Raimundo Fábio e Marcos Vinicius, e concentrou a discussão no modo como a comunicação popular estabelece o lugar de reconhecimento e construção de identidades sociais.


Durante o evento, a professora e especialista na área, Céres Santos, abordou a relação entre a comunicação popular e o profissional formado pela universidade. Ela defendeu a educomunicação como meio dos jornalistas por formação mediarem a qualidade da comunicação popular. Com experiência com comunicação no Instituto da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), a jornalista Ana Jamille explicou que “as pessoas que atuam na comunicação popular não vão tomar o lugar dos comunicadores formados porque eles também buscam essa formação profissional através das universidades”.


Estudantes questionaram e provocaram a reflexão acerca da necessidade do estudante e do jornalista investir em novas proposições da comunicação popular; a possibilidade do ingresso desses comunicadores às universidades sem a realização de processos seletivos, considerando a formação diferenciada que possuem e o anseio em busca de qualificação através da graduação. Os participantes do debate também reflitiram sobre a criação de rede social e de que forma pode funcionar.


Enfatizando a importância da formação em Jornalismo para atuar também nos meios populares, a jornalista e professora da Uneb, Andréa Cristiana, ressaltou que a “comunicação popular também é poder”. Citando as concessões de rádios comunitárias, algumas como propriedade de políticos, a jornalista ponderou que tais veículos podem ser utilizados para alienar a sociedade, como os da mídia hegemônica e as grandes empresas aliadas ao capital. Ela afirmou ainda que poderá haver uma tendência à profissionalização da comunicação popular, o que não deve ser tratado de forma negativa, em virtude do crescimento da área do terceiro setor.

Considerando a falta de estratégias e planejamentos existentes a longo prazo nas organizações que trabalham com a comunicação popular, o jornalista Marcos Vinícius considera que estas estratégias poderão trazer melhorias à comunicação, entendido por ele como “um meio de ascensão à qualidade do cidadão”.


“Comunicação popular não é vendável, ela é de doação”, defendeu Vinícius, reforçando o papel dos processo de comunicação no meio popular. As bases da comunicação popular são fundamentadas na experiência de vida de grupos sociais, mas, como ressaltou o radialista, estudante de Jornalismo em Multimeios e funcionário do IRPAA, Raimundo Fábio, se os proprietários dos meios de comunicação tivessem comprometimento com a informação haveria uma comunicação mais qualificada.


O debate encerrou com a imprescindibilidade de se discutir as concessões de rádio e TV no Brasil. “A democratização dos meios é mais importante que a reforma agrária”, citou o jornalista e militante, Paulo Vitor em alusão ao discurso da deputada do PSB, Luiza Erundina, em favor de uma reforma na regulamentação do sistema de comunicação no Brasil.


Considerando que o Ciclo de Debates foi motivado pela decisão do Supremo Tribunal Federal pela não obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, o debate, de ontem, trouxe a provocação de que estudantes, professores e profissionais reflitam a relação entre liberdade de expressão e obrigatoriedade do diploma e liberdade de expressão e democratização dos meios.


No próximo dia 22 de Julho, o Ciclo de Debates Profissão Jornalista irá discutir o tema Comunicação e Educação. Os interessados nas discussões receberão Certificado, desde que tenham assiduidade de 75% no evento, que só se encerra no final do mês de Agosto


Por Silvana Costa