Metodologia da pesquisa-ação é discutida na região do São Francisco

. 12 julho 2009



Ainda pouco trabalhada no meio acadêmico, a pesquisa-ação se define por um modo de investigação que valoriza o saber da experiência dos participantes e se realiza na ação concreta com os mesmos. É o que afirma a professora Marta Anadón, membro do Centro Interuniversitário de Formação em Profissão Docente e PhD da Universidade do Québec (Canadá) e Universidade Nacional da Argentina. Para a especialista, “a pesquisa-ação permite estudar as mudanças, tanto no nível da prática profissional do participante, quanto no nível pessoal”.

Trata-se de um processo colaborativo (co-elaborativo) onde o problema da pesquisa emerge de necessidades dos sujeitos envolvidos e não de um conhecimento imposto. Não é uma pesquisa “sobre”, mas uma pesquisa “com” que se desenvolve segundo uma espiral de ciclos de planejamento, ação, observação e reflexão. A pesquisa-ação está centrada no propósito de melhorar uma situação, resolver um problema, através da compreensão e mudança das práticas já existentes. A avaliação do processo de mudança é também um dos objetivos desta nova forma de se produzir conhecimento, como relatou a professora.


Devido a importância desta metodologia de pesquisa, as instituições de Ensino Superior da região (IES) tem se articulado para ampliar a discussão acerca deste tema. Na primeira semana de julho, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), realizaram um curso sobre metodologia da pesquisa-ação. A formação, destinada a professores, pesquisadores e estudantes, contou com a assessoria da professora Marta Anadón.

De acordo com o Pró-Reitor de Ensino da Univasf, Marcelo Ribeiro, essa articulação entre as IES da região é favorável ao crescimento da produção cientifica. Para a realização deste curso, houve uma parceria para entre o Departamento de Ciências Humanas da Uneb, Campus III/Juazeiro e Campus VII/Senhor do Bonfim e a Univasf. “Houve um contato com a professora e, numa cooperação entre as instituições, trouxemos este curso”, afirmou. Para Ribeiro, esta metodologia é importante para a região principalmente porque é uma pesquisa que trabalha na perspectiva da intervenção, da transformação social.

A estudante de psicologia, Priscila Oliveira, participa de projeto de pesquisa que trabalha com a proposta da pesquisa-ação e analisa a utilização deste método no meio acadêmico. “A partir das metodologias, das teorias usadas pelos professores é que a pesquisa-ação é inserida ou não. Se você acha que trabalhar com o público de igual para igual, junto a comunidade, as mudanças são mais significativas, você atende aos interesses da pesquisa-ação”, argumenta.

Para Anadón, o Brasil tem sido um precursor na utilização desta metodologia, principalmente com o método de Paulo Freire adotado nas lutas populares e no âmbito dos movimentos sociais. “É uma pesquisa que tem que ser valorizada nos múltiplos âmbitos: na agricultura, trabalho social, desenvolvimento local, educação, saúde comunitária, neste sentido ela promete. O pesquisador tem que ser sensível às demandas do meio”, afirmou a pesquisadora.



Por Erica Daiane
Foto: Karine Pereira