Desafios na profissão de Pedagogo

. 22 outubro 2009


A prática do pedagogo na contemporaneidade foi tema de discussão esta semana no Departamento de Ciências Humanas (DCH), da Universidade do Estado da Bahia. O encontro permitiu socializar e refletir experiências vivenciadas por professores e estudantes do curso “Pedagogia: docência e gestão dos processos educativos”, com a participação dos alunos do Programa de Formação de Professores em Letras (Proesp).

O evento teve a participação da professora e doutora em Ciências da Educação, Eliete Santiago, da Universidade Federal de Pernabuco (UFPE). Responsável pela formação de grande parte dos docentes do Estado de Pernambuco, em atuação nas universidades estadual e federal, Eliete concedeu entrevista à Agência MultiCiência e fez uma breve avaliação dos avanços e obstáculos na formação e exercício da profissão.


MultiCiência: Qual a concepção da Senhora sobre prática pedagógica?
Eliete Santiago: Prática pedagógica muitas vezes é confundida com a prática docente. Nós tínhamos um professor que foi embora o ano passado, mudou de planeta, João Francisco de Souza, ele contribui muito para que a gente pudesse tratar melhor esse conceito. Prática pedagógica é institucional. É uma prática que é plural, intencional e coletiva. No caso da educação, a prática pedagógica se constitui como prática docente, que é a prática do professor, prática discente, que é a prática do aluno, prática gestora que é a prática da instituição escolar e a prática epistemológica que é a prática da produção de conhecimento.

MultiCiência: Atualmente, quais são os principais desafios na formação dos docentes?
Eliete Santiago: Quando a gente fala desafios na formação de docente, ao mesmo tempo falamos da formação do exercício profissional, que é a base material, as condições de trabalho e uma política de valorização do profissional da educação, uma política global. Isso é tanto uma questão da formação como é do exercício profissional, porque o estudante no seu processo de formação está sob a responsabilidade ou na relação de formação com um profissional. Então, a dificuldade de formar é também a daquele que é formado e daquele que é formando.

Multiciência: E quais os principais avanços no universo da prática docente?

Eliete Santiago: Um é a própria produção acadêmica em torno da formação dos professores, dos saberes e da prática docentes que têm contribuído consideravelmente para avançar na prática pedagógica. O lugar majoritário predominante da formação acadêmica é na pós-graduação, que nessas três décadas têm produzido consideravelmente.

MultiCiência: Como a Senhora avalia o projeto da Plataforma Paulo Freire, programa nacional de formação de professores, desenvolvido pelo Ministério da Educação?

Eliete Santiago: Esse é um programa do governo que, na perspectiva da educação, é um direito de qualificação do professor. No cenário de muitos professores, atuando ou fora da sua área de formação ou sem a qualificação exigida para atuar, o governo lançou esse programa que vai atender ao contingentes de professores da rede pública ou que não tenham formação ou licenciatura apropriada para atuar ou que esteja deslocado da sua área de formação. Esse programa do governo visa exatamente qualificar os professores para atuar na sua área específica. À medida que a gente possa formar os professores tudo é válido. Agora, se o que foi pensado, o que foi desenhado está sendo praticado, só um estudo acerca da sua avaliação pode nos dizer. Enquanto idéia é válido. Agora, quanto à forma da sua operacionalização, só estudando ou avaliando. Afinal de contas, o programa foi lançado agora.

Por Naiara Soares
Emerson Rocha (foto)