Produtores investem em cultivo orgânico

. 05 outubro 2009

Agricultores das cidades do pólo de Juazeiro e Petrolina começam a investir em maneiras mais eficientes do manejo da terra, como a cultura orgânica. Baseado na utilização de fertilizantes naturais, com pequenos hectares de terra e maquinário leve para sua produção, o cultivo é feito por pequenos produtores, independentes, cooperativados ou em hortas comunitárias. No Colégio Otacílio Nunes, na cidade de Petrolina, são cultivados agrião, hortelã, alface, espinafre, coentro, cebolinha e demais verduras, em lotes de terra que são divididos entre várias famílias de pequenos agricultores. Na cidade de Juazeiro, existe também uma horta comunitária, no bairro João Paulo II, com a produção irrigada da maga e banana.

O produtor petrolinense, Reginaldo Ferreira, mantém uma plantação na escola, há oito anos, que aduba sem fertilizantes e vende seus produtos aos moradores da comunidade e restaurantes locais. “Compro não só porque fica perto de minha residência, mas pela saúde encontrada neles”, afirma Maria do Socorro, dona de casa, que sempre realiza compras nas terças e sextas. “A produção não demora muito, é a mesma do convencional”, declara Francisca Santina dos Santos, agricultora de fruticultura orgânica, ao se referir ao manejo dessa cultura. 

O processo produtivo acontece de modo simples: em pequenas propriedades de terra, abrem-se dentro do solo, buracos, onde se colocam um ‘punhado’ de sementes e depois são fechados. Todos os dias, Dona Francisca coloca água potável e os aduba com fertilizantes naturais. No modelo convencional, são utilizados fertilizantes químicos, que repõem nutrientes que o solo não dispõe, servindo para diminuir o tempo de espera do desenvolvimento da safra. Contudo, com a ‘pressa’ de alguns produtores, poderão ocorrer erosão do solo e contaminação dos alimentos.

Expansão

O mercado de produtos orgânicos está em expansão e passa por uma rigorosa seleção. Para comprovar a origem orgânica, os produtores devem ter o selo de autenticação do Ministério do Meio Ambiente, atestando que o produto é cultivado sem adubo químico.

No Vale do São Francisco, os selos Certificado Orgânico Chão Vivo e o Skal International atestam a qualidade e confiabilidade da produção. Ao receber a certificação, os pequenos agricultores obtem o reconhecimento pelo trabalho árduo e podem incluir o produto no cadastro nacional de produtos orgânicos do Brasil. Na região, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos e Uauá e Curaçá(COOPERCUC)vende os produtos para programas do Governo Federal, lojas de produtos orgânicos e lanchonetes, como também para redes de supermercados internacionais. “Na região, o consumo ainda é pequeno, com duas lojas no aeroporto em Petrolina e nenhuma em Juazeiro”, afirma Egnaldo Gomes Chavier, gerente administrativo.

Como o consumo é pequeno, o valor cobrado ao consumidor na hora da venda é considerado caro. “Como é uma agricultura não mecanizada, há um certo custeio de mão de obra e, além disso os agricultores tem problema com algumas culturas que se tornam mais suscetíveis a pragas, por isso, os produtos acabam se tornam mais caros do que os convencionais.”, declara Danúzia Damiana Paiva, superintendente do Ministério do Meio Ambiente, responsável pela Bahia. A maior parte da produção é exportada para o mercado europeu e asiático.

Os Governos Federal e Estadual da Bahia fazem parcerias com bancos para oferecer linhas de crédito aos pequenos produtores, com juros baixos e maior prazo de pagamento. “O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), tem juros de 2%, com um prazo de 10 anos, podendo chegar até dois ou três anos de carência.”, declara André Marcelo Pereira Coelho, gerente administrativo de agronegócios do Banco do Brasil, de Juazeiro.

Para obter o crédito, o agricultor é obrigado a declarar renda familiar, atestar a propriedade e ter o selo de autenticação do Ministério do Meio Ambiente. Além do PRONAF. Governo Federal conta com outras instituições como Banco do Nordeste, Sebrae, Ministérios do Meio Ambiente e Agricultura. Com o avanço de políticas públicas para a cultura orgânica, o consumidor poderá comprar a médio prazo alimentos com mais nutrientes e vitaminas, proporcionando uma melhor condição de vida ao homem.


por Emaisa Lima