Fragmentos da Vida de Olavo Balbino (Parte I)

. 08 março 2010
O professor Olavo Balbino nasceu em 4 de dezembro de 1891 na cidade de Salvador-BA. Filho do comerciante da capital baiana, João Tavares da Silva, e de Julia Máxima Balbino, Olavo veio se estabelecer na cidade de Juazeiro, ainda na infância. Nesta época, o garoto teve paralisia infantil e, desde então, apresentava dificuldades de locomoção na perna esquerda.

Começou a trabalhar cedo. Aos 15 anos de idade já trabalhava na arte gráfica. Também foi bastante influente na área jornalística, envolveu-se com os jornalistas e poetas José Petitinga e Joaquim de Queiroz. Além disso, Olavo foi sócio de Souza Filho na seção de economia do jornal “Correio do São Francisco”, que circulou de 1901 a 1919 na cidade de Juazeiro.

Casou-se com a jovem Anísia da Costa Balbino, teve nove filhos, e inúmeras crianças estimadas por ele, devido à sua profissão. Olavo foi um professor de grande fama e conceito que muito contribuiu para a educação juazeirense. Fundou o “Colégio Aprígio Duarte Filho”, por meio do qual preparava os alunos até o quarto ano primário e, depois, dava um curso especial, para que estes fizessem o exame de admissão em Salvador.


O professor conseguiu que o jornalista Aprígio Araújo publicasse no semanário “O ECO” uma das subdivisões titulada “Coluna Infantil”, a fim dos alunos explanarem suas idéias. “Diante do calafrio que se apodera do orador neófito, mandei construir uma tribuna para que os meus alunos pudessem treinar todas as noites, a fim de aprenderem a arte da declamação pública. Os loiros alcançados excederam à minha expectativa”, confessou Olavo em seu “Manifesto a Juazeiro”.

Olavo fazia o máximo para que os alunos treinassem a oratória, ensinava o modo de gesticular e as entonações vocais necessárias. No seu colégio mantinha vinte e poucos alunos pobres, gratuitamente, e solicitava às Lojas Maçônicas livros e papéis para estes alunos. Ele fundou uma caixa Escolar particular (a primeira fundada em Juazeiro), e, com o numerário arrecadado, ofereceu roupas, calçados e chapéus aos seus alunos pobres. Muitos destes conseguiram ser diplomados, alguns alcançaram cargos de destaque nas repartições públicas, e outros tornaram-se comerciantes, comerciários e operários.

Balbino: professor e poeta

Além de um ilustre e afeito professor, Olavo Balbino, embora não tenha se dedicado tanto à poesia como o poeta Raul da Rocha Queiroz, também escreveu poemas de grande valor literário. As poesias do professor eram publicadas em periódicos da região como o jornal “Correio do São Francisco” e jornal “O Eco”, os quais colaborou também com trabalhos jornalísticos. A poesia a seguir foi publicada em 27 de novembro de 1908, no jornal “Correio do São Francisco”.

Tú és linda, Petit
Não me jures assim
Pois eu morro por tí
E não morres por mim

Se tú amas, Petit
P’ra que fazer assim?
Eu não morro por tí
E tu morres por mim

Os que se amam. Petit
Dizem sempre é assim
Eu não morro por tí
E tu morres por mim [sic].


Além das publicações em periódicos, Olavo Balbino escreveu rascunhos de poesias que pretendia publicar em um livro denominado “Paliçada”, entretanto, só chegou a publicar os dois sonetos e a quadra que segue adiante:

“NATAL”

Jesus! amparai o nosso lar,
Nesta manha de alegria,
O vosso benévolo olhar,
Contenta-se neste dia!

Salve! Salve! Oh Ano Novo
Que seja muito abundante
E o nosso labor insano
Compensado...edificante

Cristo nasceu! Que alegria
Cantemos hinos de prazer
Para o bom Mestre enaltecer

Gloria! Gloria! ao Nazareno
Com muita crença e fervor
Vinde em nosso auxílio, Senhor [sic].
(Olavo Balbino -1952)

Amanhã, publicaremos a Parte II deste post sobre a poesia de Olavo Balbino.

Por Edilane Ferreira, bolsista do projeto “A arte das letras como manifestação cultural na reconstituição da história regional em Juazeiro-BA”, vinculado ao projeto “O arquivo da professora Maria Franca Pires: memória e história cultural em pesquisa na região de Juazeiro-BA”, fonte desta mensagem.