Mídia: Uma ré com palavra final

. 28 julho 2010

E a sociedade da informação assiste, de sua poltrona, à hipnose silenciosa das formas midiatizadas da notícia. No vídeo, tudo tem clímax. A cabeça, o corpo, a passagem, as sonoras, as tomadas. E a vida é clímax, como também o é a morte, a política, o suicídio, o latrocínio, o campeonato, o lapso do artista, as obras do PAC, o goleiro que perde o gol e o que ganha espaço policial nos jornais.


O átrio esquerdo do telespectador bombeia o sangue no pulso da imagem. Num mesmo canal, temos tudo para nossa sede e fome de mundo. Sentimos, da mesma poltrona, o infinito conforto e o corrosivo incômodo.


A “supercultura” de relatividade do tempo e do espaço subjuga os referenciais que balizam o jornalismo de apuração. Instantaneidade e novos formatos são as moedas do grande negócio da comunicação.


Para faturar com o produto “informação”, potências hegemônicas dão manutenção voraz aos geradores de suas receitas financeiras. E outros tentáculos vão aparecendo com mil ventosas em nossa direção. Para tanto, vale “sair na frente”. E o que as politizarão não é um bom senso nem um senso ruim. É um não-senso. Já que senso vem do latim, sensus, e quer dizer pensamento, sentido.


E no tribunal do silêncio, paráfrase de Espiral do Silêncio da alemã Neumann, sentam-se a ré e seus reféns advogados e promotores, enquanto não vem o meritíssimo.


E por ter um irrestrito e indecifrado poder, senta-se, a mídia no lugar do juiz, sempre.



Por Tiago Crateús


Graduando do 6º Período de Comunicação Social - Jornalismo em Multimeios - UNEB