Parte I - “Sou o último comunista marxista-leninista de Juazeiro”

. 01 agosto 2010
A partir de hoje , o Multiciência vai postar uma série de histórias contando as vivências de João Lopes de Souza, o último "marxista leninista" juazeirense

Recém completado 90 anos, no dia 26 de junho, João Lopes de Souza, mais conhecido como João Presidente, é protagonista e narrador de variadas histórias sobre a cidade de Juazeiro. No momento de iniciar a nossa conversa, ele me interrompe, dizendo que falta algo, sorri, tira algumas balinhas do bolso esquerdo, distribui para todos os presentes e depois explica que as balas servem para adoçar a vida.
Brincalhão, esta é apenas uma das facetas de João Presidente, filho de Isabel Joaquina de Souza e Ângelo Lopes de Souza, e da comunidade de Salitre, distrito de Juazeiro, lugar onde nasceu. Detentor de uma boa memória, outra de suas características, ele narra com detalhes, lembranças de uma vida de realizações e militância no Partido Comunista do Brasil (PCB), fundado em 1922.
Antes de morar na sede, João viveu até os três anos no Salitre na companhia da avó, dos pais e irmãos. Aos quatro, foi para Saco do Meio, onde foi alfabetizado com ajuda do casal de padrinhos. Em 1928, no auge da epidemia de varíola mudou-se para fazenda Mourão, uma propriedade do Barão Enéas, tio da sua mãe, que ficava em Juazeiro e mais adiante passaria a morar em uma casa na Rua do Trabalho, a atual sede da Luiz Autopeças, na Rua Castro Alves.
Em 1930, com dez anos, João Lopes sentiu a necessidade de ajudar os pais, e passou a vender verduras numa banquinha na feira. Aos 12 anos, foi ser aprendiz de marceneiro e teve o primeiro contato com o comunismo. O militante e criador da Associação Beneficentes dos Artífices Juazeirense, Saul Rosa, foi seu professor e lhe ensinou a arte da marcenaria e como atuava na Aliança Libertadora Nacional (ALN) na cidade e no país. Ainda garoto, aprendeu sobre o movimento liderado por Luis Carlos Prestes contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas e foi testemunha do violento processo de repressão da época. “Foi triste ver o velho Saul sendo preso. Depois disso, eu fiquei na casa de dona Adelaíde, esposa dele, fazendo as compras e lhe ajudando”, relata João.
Por: Juliane Peixinho
Acompanhe !!!