Você sabe o que é o marco
regulatório? São regras estabelecidas
para que empresas privadas atuem em áreas de utilidade pública, permitindo o
bom funcionamento de ambos os setores. No Brasil, a comunicação não tem um marco
regulatório, o que faz com que a mídia se concentre nas mãos de um grupo que está
livre para reproduzir ações causadoras de grandes impactos na comunicação do
dia a dia, como a veiculação exagerada de propagandas políticas.
A fim de abranger
essa discussão, o Departamento de Ciências Humanas (DCH) da Universidade do
Estado da Bahia (UNEB), realizou no último sábado (2) o IV Realidades em Debate
por meio do Colegiado de Comunicação Social. Pedro Caribé, jornalista do Intervozes -
Coletivo Brasil de Comunicação Social de Salvador, e Uilson Viana, representante
do Fórum de Comunicação Sertão do São Francisco e aluno do curso de Comunicação
Social formaram a mesa de debates, mediada pela jornalista Ceres Santos, professora
do curso de Comunicação Social da UNEB.
As discussões da mesa abordaram a democratização
do acesso à comunicação, principal tema proposto pelo marco regulatório. Outras
questões debatidas dizem respeito à implantação de políticas
públicas que priorizem a comunicação alternativa, maior dinâmica para a
distribuição de concessões para rádios comunitárias, descentralização das redes
publicitárias, igualdade das condições para o exercício da liberdade de
expressão e luta contra a censura ou controle de conteúdo.
O jornalista Pedro
Caribé enfatizou a necessidade de criação de um sistema de leis para a
comunicação brasileira a fim de substituir o “projeto de lei defasado” no qual
está inserida. Caribé chamou atenção para o fato de já existir hoje, em
Juazeiro, uma Lei Orgânica com princípios democráticos para a comunicação e
comentou ainda sobre a importância de discussões como essas serem promovidas na
região. “O curso de comunicação muitas vezes é voltado para o trabalho em
empresas privadas e sob uma lógica de mercado de trabalho muito perversa onde
os jornalistas se submetem a ações antiéticas. Discutir esses temas valoriza a
nossa profissão e as possibilidades de novas oportunidades de trabalho e de
produção de conhecimento. É preciso que a gente traga isso para o dia a dia do
estudante de comunicação”, afirmou.
“Discutir o marco regulatório
é importante, porque faz com que nós estudantes de jornalismo repensemos o
papel da comunicação na sociedade. Iniciativas como essa devem ser frequentes
dentro da universidade, pois contribuem para a formação de um profissional
jornalista digno, que respeita a ética e não passa por cima de valores devido a
imposições do mercado de trabalho”, afirmou Gisele Ramos, estudante do 4º
período de Comunicação Social.
A programação do IV
Realidades em Debate contou ainda com o lançamento do Programa “Fome de Quê?”,
produzido pela equipe da WebTV.UNEB - Núcleo Juazeiro, coordenado pela
professora Fabíola Moura. A primeira edição do programa, que teve como
convidada a banda Cabelo de Serpente, foi exibida durante o evento e, ao final,
o público pôde conhecer mais a música produzida pelo grupo.
Por Patrícia Lais
Por Patrícia Lais