O desfile de carros alegóricos trazia foliões animados, enchendo as ruas de confetes e serpentina. O festejo a Baco, o deus da alegria e da folia na mitologia romana, tinha chegado a Juazeiro. Carnaval das fantasias, das marchinhas e da disputa dos clubes carnavalescos das sociedades Apollo, 28 de Setembro e Zero. A cidade era invadida por homens, mulheres e crianças que compartilhavam a alegria do carnaval e faziam das ruas uma grande brincadeira coletiva.
Em
reverência a esse espírito carnavalesco, a exposição “Recordar é Viver-
Carnavais da década de 10 – Década de 70” revive os antigos carnavais de
Juazeiro através de uma linha do tempo que apresenta os blocos tradicionais, os
principais clubes e até as marchinhas de rua passadas de geração em geração. Exposta
na Fundação Museu Regional do São Francisco, em Juazeiro, a mostra é uma
oportunidade única para os jovens e turistas conhecerem a historia do carnaval
da cidade.
As
fantasias e fotografias da exposição remetem a variedade de cores e formas que
davam pluralidade ao carnaval. “Colombinas, pierrôs, anjos e demônios tinha de
tudo, a rua era bastante colorida pela diversidade de fantasias e
manifestações. As
casas viviam de portas abertas os mascarados entravam, comiam e bebiam de
graça, ninguém ligava” explica a professora de história Rosy Luciane Costa, curadora
da exposição e diretora do Museu.
A exposição promove reflexão a respeito das transformações na festa carnavalesca e as diferentes formas de diversão e a criação dos concursos dos mais diversos. “O carnaval tinha mais variedade, não existiam os abadás para uniformizar e deixar todo mundo igual. Cada um dentro das suas condições usava da criatividade e construía suas fantasias,” explica Rosy Costa.
A
diversidade do carnaval não estava apenas nas fantasias, mas na forma de
interagir com os espaços e os foliões. “Hoje, você vai atrás do trio ou fica na
calçada esperando o trio passar. Antigamente, quem não saia de casa participava
porque recebia quem ia chegando. O povo ficava sentando na porta e os
mascarados passavam jogando água. As músicas eram feitas pelo compositor especificamente
para a festa”, relembra.
A
exposição não se sustenta apenas da nostalgia de relembrar os antigos
carnavais, mas da importância de pensar a memória da cidade e as suas mudanças
históricas. “O jovem
vem para conhecer as historias e quem viveu essas experiências interage com a
exposição. As pessoas podem reconhecem quem está na fotografia ou conhecem
alguém que está nelas, trazem a família explicam cada cenário, as ruas e os
rostos de cada foto. Eles se integram à exposição”, afirma.
Texto e Fotos: Maria Eduarda Abreu
Serviço
Fundação Museu Regional do São Francisco
Praça da Imaculada Conceição, 29 - Centro, Juazeiro
Visitação: segunda a quinta (8h ás 12h)