Pesquisadores discutem políticas de imagem no cinema e na fotografia

Multiciência 03 setembro 2018

Discutir politicas a respeito da imagem, cinema e memória com o objetivo de criar materiais educativos e de relevância social. Esta foi a temática da mesa redonda Políticas da Imagem, realizada no final de Agosto, na Semana de Integração do curso de Jornalismo em Multimeios, da Universidade do Estado da Bahia.

Para André Vitor Brandão, supervisor de cultura do SESC, em Petrolina (PE), é necessário pensar a construção do acervo da produção nacional cinematográfica. Como tem sido feito a partir do projeto Arte SESC, que há 20 anos realiza um mapeamento do cinema brasileiro, como uma politica institucional de fomentar a circulação de obras cinematográficas que não são exibidas no circuito comercial.
André Brandão. Foto: katellyn Tavares

 “É importante pensar o cinema como uma linguagem artística e social que resultará na construção de um acervo de cinema de arte, que atualmente passa por problemas na licença de exibição. Quando o Sesc adquire o filme ele só tem permissão de dois anos para ser exibido”, esclarece.  

Uma solução é estimular pesquisas na área do audiovisual junto com a rede básica de ensino.  Por exemplo, a obra do cineasta Akira Kurosawa, autor de filmes como os Setes Samurais, "Ran", inspirado na obra Rei Lear, de William Shakespeare, e Os Sonhos, promove uma reflexão tanto na área educacional e social. “O acervo pode trazer materiais que dão um suporte ao professor em sala de aula e criar desdobramentos após as exibições, como acontecem normalmente com debates”, afirma André, que é mestrando do Programa de Mestrado em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos (PPGESA).

Outra política é o incentivo às oficinas e palestras com cineastas e a criação de um Núcleo de Audiovisual com sala com computadores e ilhas de edição que estarão disponíveis para a realização de cursos e finalização de produções audiovisuais, sem precisar se deslocar para os grandes centros. O produtor cultural Chico Egídio ressaltou a importância dos espaços culturais como o Janela 353 e instituições de ensino que promovem ações como festivais de cinema e de curtas, como o Curta UNEB, como incentivo à formação de profissionais na área do audiovisual.

Durante a mesa redonda, o professor da Univasf, Elson Rabelo Assis, apresentou o trabalho de catalogação e digitalização do acervo fotográfico do artista juazeirense  Euvaldo Macedo Filho e o lançamento do website com toda sua obra. O acervo foi doado pela família de Euvaldo Macedo e é composto por 488 diapositivos, mais conhecidos como slides, 509 fotos impressas de tamanhos distintos e para diferentes fins, como exposições, e mais de 6,6 mil negativos, além de folhas e cadernos com poemas.
Elson Rabelo. Foto: Foto Katellyn Tavares
                                                                  
Para compor o acervo, foram realizados o diagnóstico do estado de conservação, catalogação dos escritos e das imagens e também reflexões sobre políticas de construção o acervo e acesso às imagens. O professor do curso de Artes Visuais, da Univasf, esclareceu sobre a necessidade de preservar a autoria das imagens do fotógrafo, a autorização legal por parte da família para o acesso e futuras pesquisas e a responsabilidade ética no uso do material. “Para se pensar na política da imagem, temos que se perguntar como e para que as imagens se destinam”, afirma.

Chico Egídio. Foto Katellyn Tavares

De acordo com o pesquisador, é importante que o estudante de jornalismo entenda que as narrativas que são construídas lidam com memoria e esquecimento. “Falar de políticas da imagem é refletir sobre o atual acesso e circulação das fronteiras entre o público e o privado, e da tensão frequentemente insolúvel entre os diferentes estados do passado e do presente”, explica. 

Para conhecer o acervo, acesse o site www.euvaldomacedo.com, que teve apoio e patrocínio Rumos Itaú Cultural (2015-2016).
              
Sobre Euvaldo Macedo Filho, leia aqui. http://multicienciaonline.blogspot.com/2018/09/de-juazeiro-bahia-para-o-mundo.html 

Fotos: Katellyn Tavares
Repórteres: Patrícia Rodrigues e Moisés Cavalcante