O momento atual não é inédito para a humanidade. Na saúde coletiva, a quarentena tem sido uma das medidas mais antigas de prevenção em momentos de epidemia e pandemia, antes chamadas de ‘pragas’. O historiador André Augusto Fonseca relata que há 4 mil anos, os povos chineses, indianos e siberianos enfrentaram epidemias extensas e agudas. Entre séculos V ao XV, a Europa perdeu praticamente metade da população dizimada pela fatídica peste negra. E, no século XX, foi a “gripe espanhola que matou 50 milhões de pessoas no mundo todo”, inclusive com centenas de casos no Brasil. Século XXI, de novo a humanidade se defronta com uma pandemia capaz de mexer com toda rotina mundial e colocar bilhões de pessoas em quarentena, como medida de reduzir a transmissão desenfreada do COVID-19.
A proposta aqui é discutir essa situação pela abordagem da saúde integral sistêmica dimensionando-a como expressão da relação holística da sociedade com a natureza. Para tanto, é importante ressaltar que o modelo sistêmico da relação saúde-doença ganhou força só a partir dos anos de 1970, quando “essa noção de sistema incorpora a ideia de todo, de contribuição de diferentes elementos do ecossistema no processo saúde-doença, fazendo assim um contraponto à visão unidimensional e fragmentária do modelo biomédico, como esclarece, como explica Mary Cruz:
A busca de superar a visão limitada do corpo humano físico da medicina moderna ocidental para uma visão holística e integral, já se faz na medicina chinesa, nos estudos da yoga e do reiki e nos estudos e práticas das terapias holísticas e complementares. O corpo é composto de várias “camadas” que se apresentam da mais densa para a mais sutil: Corpo Físico, Duplo Etérico, Astral ou Emocional, Mental Inferior ou Racional, Mental Superior ou Vontade e Imaginação, Búdico ou Acervo da Consciência, por fim, o Átma, o Espiritual ou Centelha Divina.
Essa multicorporeidade é ainda ignorada por grande parte da humanidade porque, como afirma Alvorecer, “o corpo físico, o mais conhecido e aceito pela maioria das pessoas e pela ciência convencional”. Tal compreensão necessita que cada um de nós trabalhe no autoconhecimento para despertar uma consciência de si como unidade do Todo, reconhecendose como um corpo que é denso mais também uma centelha de luz divina. Daí que a oração, a meditação, o reiki, a yoga e outras terapias energéticas auxiliam a pessoa se conectar com seu Eu interior ao Eu Superior.
O mais comum é cuidarmos do corpo físico, e por ser a camada energética mais densa do ser humano, quando a ‘doença’ se manifesta de leve à severa, se percebe de forma empírica, mas justamente é no corpo físico que o desequilíbrio é sentido, mas o fato é que, um dos corpos, o emocional, mental ou espiritual já foi desequilibrado bem antes da manifestação da “doença”. Como dito antes, a superação do binômio saúde-doença pela visão sistêmica compreende que houve um desequilíbrio no campo áurico da pessoa e que, portanto, a cura virá com o reequilíbrio energético.
Como afirma o estudioso Richard Gerber, “trata-se de uma compreensão que não apenas faz aquele que cura encarar a saúde a partir de uma perspectiva holística como parte de um relacionamento global com o universo, mas também leva-o a ser um exemplo desse caminho integral e harmonioso”. Prestar atenção ao corpo físico é tão necessário quanto cuidar das emoções, dos sentimentos, dos pensamentos e da conexão com o Divino, pois todas essas partes compõem o todo que somos: Um ser integral, sistêmico e multidimensional.
O projeto civilizatório consumista contemporâneo, antropocêntrico, egocêntrico e antiecológico, assentado nos padrões urbano-industrial-tecnológico-informacional-financeiro impôs o ritmo desenfreado do uso dos recursos naturais, e formatou uma sociedade pautada na racionalidade insustentável com a natureza. No entanto, tal comportamento externalizado, no qual o homem se vê fora da natureza e superior a mesma, expõe o vazio existencial predominando nesse dito ‘ser contemporâneo’, que vive o modelo de felicidade de vitrine. Isto já foi bem posto pelo sociólogo Zygmunt Bauman, tal comportamento é típico de uma “sociedade líquida”, ou seja, muito fluída, sempre em movimento e imprevisível, cujo padrão de consumo define quem você é, o que pensa, o que sente. Vivemos um período histórico que é pelo tipo de consumo que somos aceitos socialmente.
Em 1992, na Conferência Mundial de Meio Ambiente no Rio de Janeiro (RIO-92), mais de 100 países se reuniram para pensar como o modelo econômico consumista iria gerar uma relação desenvolvimento e meio ambiente de forma racional, que pudesse deixar seu legado de recursos naturais disponíveis suficientes para as próximas gerações, o chamado desenvolvimento sustentável. São quase 30 anos passados e a sociedade não conseguiu avançar no projeto sócioeconômico-ambiental que paute a finitude de sua existência, e comporta-se como uma civilização desmemoriada das grandes mudanças geoambientais pelas quais o planeta já passou, provocando reestruturações climáticas, geomorfológicas, botânicas etc. Ou seja, a história ambiental do planeta continua a ser escrita, e nunca fomos nós humanos que escrevemos essa história sozinhos!
Por este prisma, proponho considerarmos a pandemia do COVID-19 como uma grande oportunidade para as reflexões do ser e existir na contemporaneidade, e a quarentena, uma rica aprendizagem para voltar-se para o autoconhecimento. É momento de se questionar qual a missão aqui no planeta? Quais emoções e pensamentos têm alimentado? Suas ações são coerentes com o que comunica e sente? São questões que pautadas neste tempo disponível de quarentena permitirá gerar uma consciência mais elevada e fortalecer-se para atravessar esse momento tão difícil, doloroso e incerto, mas que pode abrir caminhos para novas escolhas! Comece a observar o que lhe motiva, que gera luz dentro de você, que ilumina seu sorriso, expressa harmonia entre você e o Universo?
Em nosso planeta tudo vibra de 0 a 1000 Hz (Hertz), que é uma escala de frequência proposta pelo físico e psicanalista Dawis Hawkins, em 1952. Por essa escala se determina os níveis de consciência de tudo que se manifesta. A faixa de 0 a 149 Hz são as de baixa frequência. Qualquer vírus, inclusive o COVID-19 está vibrando em aproximadamente 5,5 Hz a 14,5 Hz. No ser humano, as frequências das emoções e pensamentos têm muita influência no equilíbrio dos sistemas e órgãos do corpo físico e deste com o campo quântico. Deste modo, uma pessoa vibrando na faixa até 149Hz, significa que se encontra na faixa da dor (de 0,1 a 2 Hz), com medo (de 0,2 a 2,2 Hz), ressentimento (de 0,6 a 3,3 Hz), na irritação (de 0,9 a 3,8 Hz), sentimento de abandono ou desmerecimento (1,5 Hz), como esclarece Gladia Bernardi.
Uma pessoa saudável dentro da perspectiva sistêmica necessita vibrar a partir de 200 Hz, que é a frequência da coragem. Uma frequência vibracional mais alta contribui uma melhor defesa do sistema imunológico. Isso não bloqueia de ocasionalmente, por várias razões, uma pessoa baixar sua vibração para frequências mais baixas, pois todos nós podemos por alguma razão (distúrbios no balanço energético devido a fadiga, esgotamento emocional, hipotermia, doenças crônicas, tensão nervosa etc.), fazer a frequência descer, mas certamente, ao praticar a inteligência emocional e espiritual, muito mais rápido vai reagir e transmutar padrões negativos para positivos, recuperando e estabilizando a frequência do campo áurico.
Ao vibrar gratidão (350 Hz), compaixão (400 Hz), amor (500 Hz) etc., passamos a gerar uma força transformadora para nós mesmos, para nosso contexto e todo planeta. Nosso coração é onde acessamos a consciência do sentir a vida e a realidade e isso é tão importante quanto cuidarmos da consciência mental/racional. Como exemplo, se uma pessoa vibrar baixas frequências, simplesmente ela está canalizando-se com todas as pessoas ou aquilo que vibra na mesma frequência dela. Isso significa que além de canalizar-se nas baixas frequências, essa pessoa amplifica e atrai com mais rapidez as energias daquela faixa. Imaginem milhares de pessoas vibrando dor e ressentimentos no planeta? Agora imaginem vibrando a gratidão e o amor?
Richard Gerber (1988, p.19) reforça as reflexões aqui propostas, quando afirma que “a saúde é um estado total de equilíbrio entre nossos sistemas de energia sutil e as forças de nosso veículo físico e, também, as da Mãe-Natureza”.
Com base nessa afirmação, adentro nas considerações finais, propondo que façamos dessa pandemia um momento oportuno para o salto quântico, que significa que é a elevação da consciência mental, emocional e espiritual individual e coletiva. E, enquanto educadora, pesquisadora e terapeuta quântica, considero quanto é urgente as instituições de ensino realizarem a transposição didática, ensinando desde as crianças até os profissionais em formação, da importância do viver o agora sem sacrificar o presente como forma de garantirmos o futuro. Pois, tanto necessitamos ter a coragem para enfrentar a dialética do viver as adversidades de nossa existência aqui na Terra, como também perceber e viver a fenomenologia do ser e existir respeitosa e harmoniosamente com todos os outros seres que também a habitam. A Terra nos agradece e segue sua jornada no infinito Cosmo, que também se faz nossa jornada!
Especial Covid-19 MultiCiência.
Texto: Luzineide Dourado - Geógrafa, Mestra e Doutora em Geografia (UERJ;UFRJ;UFS). Atua com Educação Ambiental e Educação Contextualizada. É professora Adjunta da UNEB/DCHIII/PPGESA. Tambem atua como pesquisadora com terapias holísticas. É Master Health Coach. Terapeuta Quântica Atlantis. Mestranda em Reiki Usui e Tibetano. Graduanda em Naturopatia Clínica (INNAP).
Ilustração: Mello
Edição: Emanuela Varjão
Referências
ALVORECER. Corpos bioenergéticos. Disponível em: www.apometriaalvorecer.org.br. Acesso em: 03/04/2020.
BAUMANN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BERNARDI, Gladia. Pirâmide do Ser. Curitiba: Instititude Master Health Coach Gladia Bernardi, 2019.
CRUZ, Marly Marques. Da Concepção de saúde-doença e o cuidado em saúde. Disponível em: http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_14423743.pdf. Acesso em: 03/04/2020
BOFF, Leonardo. Ecologia, Grito da Terra, Grito dos pobres. São Paulo, Ática, 1996
GERBER, Richard. MEDICINA VIBRACIONAL: Uma medicina para o futuro. São Paulo: Editora Cultrix, 1988
Portais Consultados
Globo.Com
El Pais