(Em)Frente

MultiCiência 08 janeiro 2021

                                                                                                    Por: Diana Cristina
Ela viveu anos de sua vida sofrendo. 

A dor de ser desvalorizada era maior que as surras que levava. Maria de Vila Matilde, como era conhecida, mulher forte, valente e destemida. Acordava todos os dias para trabalhar. Nada conseguia acabar com sua força de vontade, mas a violência a abalava. A falta de amor a diminua. 

Maria estava cansada. O coração, que aceitava e fingia esquecer, não sabia mais disfarçar. Maria disse: Chega.

Em uma noite em que chegou cansada em casa, deparou-se com as mesmas indagações sórdidas e sem fundamento. Respirou fundo e se dirigiu ao quarto, quando foi puxada pelos cabelos com violência e jogada ao chão. O mundo rodou. Maria no chão, sentiu o impulso que precisava para dizer: Basta!

O que motivou a moça de Vila Matilde foi a revolta, o desespero, o nojo e a angústia. Na primeira oportunidade que teve, quebrou-lhe um vaso na cabeça e chamou a polícia. Maria repetia consigo mesmo na frente dos dois filhos que tinha com o dito cujo: Cadê meu celular? Eu preciso chamar a polícia. 

Já eram seis da manhã quando a polícia chegou, ela repetia desesperadamente: "Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim"!

Maria se libertou. Em um gesto de desespero, em um grito de dor, Maria parou, o olhar de revolta e de quem decide a vida. Ah, a guerreira Maria quer justiça. 

- Aqui você não entra mais, eu digo que não te conheço e jogo água fervendo se você se aventurar!

Diana Cristina é estudante de Jornalismo em Multimeios. A crônica foi baseada na canção: Maria de Vila Matilde