Ainda é Cedo

Multiciência 14 outubro 2021


 Por Paloma Cristina

1996, data do meu nascimento e o ano em que surgiram os primeiros relatos da aparição de um ser extraterrestre, no Brasil. Essa suposta criatura causou repercussão nacional, ficando conhecido como o caso do "E.T. de Varginha". Coincidências? Humm, talvez não. 

Foi o ano também do acidente fatal que vitimou o grupo Mamonas Assassinas, e o falecimento do ídolo do rock nacional, Renato Russo, que completou 25 anos de sua morte na última segunda-feira, 11 de outubro.

Será se vivo estivesse, Renato se questionaria: ainda é cedo? tudo isso não é um “tempo perdido”? É o amor que conhece o que é verdade, que é preciso amar as pessoas? Podemos começar tudo de novo agora mesmo? O sol de fato vai voltar amanhã, porque somos tão jovens, tão jovens, tão jovens?
Ou na situação em que nos encontramos com a crise política e de sanitária, ele se perguntaria: Que país é esse?, se nos perdemos entre monstros da nossa própria criação, se vamos conseguir vencer?

São questionamentos como esse que busco, ao ouvir os álbuns do Legião Urbana. Suas músicas tão atuais, parecem terem sido compostas recentemente e não há mais de 30 anos. De uma sabedoria ímpar, parece ter previsto o que poderia nos acontecer. "Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação".

Renato viveu no período de ditadura militar, as questões sociais e políticas sempre influenciaram suas músicas, chegando a afetar inclusive o sucesso da sua primeira banda o “Aborto elétrico”. Renato, por muitas vezes, se desentendeu com companheiros da primeira banda que integrou, por causa das composições, que sempre traziam letras de protesto contra o sistema. A banda considerava parar de lançar essas músicas, para ver se conseguia enfim deslanchar. Esse foi um dos motivos que fizeram Renato abandonar a banda. Com a sua saída, o grupo encontrou Dinho Ouro Preto para assumir os vocais, e dai nasceu a Capital Inicial. 

A trajetória do artista foi contada no documentário “Somos tão jovens”, lançado em 3 de maio de 2013. Me recordo da primeira vez em que assisti, ri e chorei, ao ver a reação de Renato ao saber da morte de John Lennon, e acompanhando relatos sobre a sua vida. 

No dia 30 de maio, Faroeste Caboclo foi lançado, filme baseado em uma de suas maiores canções. Tá, ok, talvez não seja a mais conhecida entre elas, confesso que é a minha favorita. De uma coisa eu não menti, essa é de fato sua maior canção, tendo um pouco mais de nove minutos de duração. Fui ao cinema assistir ao filme, e mesmo sabendo a trajetória de João do Santo Cristo, recordo que sai de lá em lágrimas.

Todos esses lançamentos ocorreram em maio, mês do meu nascimento, o que diria Renato, tão ligado à astrologia? Será que é tudo uma grande coincidência? Eduardo e Mônica está prestes a ser lançado, será sua estreia também em maio? Veremos.
Renato se foi, sem a oportunidade que eu pudesse assisti a um de seus shows. O que eu poderia dizer para ele neste dia:


- Você se foi e “Ainda é cedo, cedo, cedo, cedo, cedo”.   

Paloma Cristina é estudante de Jornalismo em Multimeios.