Uma historia de superação: Conheça Janaina Amorim, atleta baiana

Multiciência 31 dezembro 2022

Amparada pelos esportes em meados de 2020, Janaína Amorim cresceu e se criou em uma família formada por trabalhadores rurais e pessoas que a incentivam no esporte. No entanto, ela reconhece que conciliar o curso de Jornalismo em Multimeios, empreender, participar de maratonas no esporte e manter as contas em dia não é uma tarefa fácil, apesar do apoio familiar. “É uma batalha diária”, diz Janaína.


Janaina Amorim, atleta baiana segurando seus troféus



Atleta, estudante de Jornalismo em Multimeios e cursando técnico em Administração – é assim que Janaína se define em suas redes sociais. Porém, ela não é apenas isso, é criadora de conteúdo também, onde empreende vendendo roupas de atletismo e movimenta suas vendas nas redes sociais e acompanho sempre sua rotina por lá, Janaína tem uma singularidade e garra que não é encontrada em qualquer lugar.


Conheci Janaína pelo Instagram pelas suas vendas de roupas de atletismo e em competições realizadas em Petrolina, no interior de Pernambuco, e Juazeiro da Bahia. Seu rosto marcante e sorriso autêntico chamam bastante a atenção à primeira vista. Ao visitar o perfil, percebo de imediato algo que predomina. As fotos com bicicletas, reels de corridas e banhos intensos no Rio São Francisco e sua paixão pelo que faz. 


Nascida em Juazeiro e criada em Santana do Sobrado, em Casa Nova, no interior da Bahia, Janaina, assim que completou 19 anos de idade, retornou para Juazeiro para estudar Jornalismo em Multimeios na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Filha de agricultores rurais, sua mãe se formou até o ensino fundamental e o pai até a quarta série, Janaína iniciou cedo no caminho dos estudos para poder mudar a realidade de sua família. Começou pela aprovação no curso de jornalismo, dentro do mesmo espaço, ela conheceu também o esporte na cidade. Ela define esse espaço como fundamental na sua construção afetiva. 


Na infância com apenas 10 anos de idade, seus pais descobriram que tinha escoliose e teve que tratar e usar aparelhos ortopédicos recomendados pelo fisioterapeuta e ortopedista que a acompanharam no momento.  “Eu usei esse aparelho ortopédico por sete anos e isso me limitava muito, era um aparelho bem brusco, pegava tanto no meu queixo até meu quadril, eu não podia correr, não podia praticar esportes com bola e a única liberação que eu tinha era a natação, mas como eu morava no interior e minha família não tinha condições financeiras de me bancar em Juazeiro para realizar aulas de natação no rio ou em piscina, eu nunca pratiquei na minha infância", comenta Janaina.


Em 2017, retirou esse aparelho que a impedia de praticar atividades esportivas, bem no final do seu ensino médio. “ Esse momento do meu ensino médio não foi fácil, sempre fui excluída pela aparência do meu aparelho, e sempre gostei de atividade física, mas não foi presente na minha infância e adolescência, o esporte foi fazer parte de minha vida já jovem adulta”, ressalta a atleta. 


Em Juazeiro, descobriu que tinha uma prova de Cross triathlon, prova que os competidores nadam 750m, pedalam 100 km em trilha e correm 5km. Porém, ela não sabia nadar, mas tinha uma bicicleta e sabia correr, e foi à procura de um professor de natação para ajudá-la a nadar e assim aprendeu muito mais que os 750m para conseguir competir. “Me apaixonei pela natação, a cada dia que eu participava me apaixonava mais, e minha primeira competição foi em outubro de 2021 se chamava "Triathlon Mãe Malvada”, e ganhei em primeiro lugar na minha categoria. Eram 750km nadando, 20 km pedalando e 5km correndo. Em novembro no mesmo ano participei do “CROSS TRIATHLON", a prova dos meus sonhos com meu ídolo Gil Bala (Josemar Silva dos Santos), um futebolista brasileiro e fiquei em 5° lugar de todas as mulheres que participaram da prova, e 1° lugar na minha faixa etária de idade, depois dessas duas, fiz várias provas e me saí bem” descreve suas conquistas e atuação no esporte.



Janaina Amorim, atleta baiana segurando troféus


O início no triathlon não foi fácil para Janaína, pois para ela é um esporte caro, e para pagar suas contas, conciliar os estudos enfrentou dificuldades. A jovem trabalhava no PETRAPE na área de administração no período da manhã, mas teve que sair para se organizar melhor e estudar à tarde e à noite cursa técnico em administração. Agora empreende nas redes sociais chegando a ganhar mil reais por mês e está com projeto de vender meias esportivas. Ela ainda faz freenlancer para se manter e pagar sua participação nas provas e está à procura de estágio na sua área de atuação. Seu maior sonho é passar em um concurso e ter instabilidade financeira para se manter e continuar a competir, ganhar medalhas e representar ainda mais no Vale do São Francisco. 



Reportagem Perfil de Edilene Leite (Leche Silva) para redação Agência Multiciência.