A ação social é um dos objetivos da Educação no/e/do Campo, regulamentada pelo CNE/CEB N° 1/2006, que se propõe a ensinar aos alunos a importância de produzir e consumir produtos de qualidade. Com o “Horta do Vovô”, houve uma interação e socialização entre estudantes e idosos, incentivando o senso de conscientização para a preservação do meio ambiente e valorização do público da terceira idade.
“A troca entre escola e Lar do Vovô foi muito interessante, pois foi uma devolutiva para a sociedade daquilo que nós temos aprendido dentro da escola Família Agrícola. É uma semente que pode gerar muitos frutos”, afirma o aluno Moisés Ribeiro.
Um dos intuitos é promover o direito à saúde mental aos idosos, estimulando o contato com o manuseio com a terra na horta e ajudar a preencher o tempo livre. Com isso, os idosos se sentem úteis e esta nova prática de lidar com a terra auxilia na redução do estresse. “Gosto de plantar na horta, os alimentos são sadios e podemos comer sem medo”, disse Dona Rosana Bastos, 59 anos, moradora do Lar do Vovô.
Atualmente, moram 31 pessoas no “Lar do Vovô”. Algumas vieram da zona rural, tiveram contato com o trabalho na roça e, com a implantação da horta, voltou a ter contato com a terra. “É muito importante. Eu vim aqui cuidar da horta, porque já estou uma mulher meia idosa, mas é bom caminhar um pouco, o sangue esquentar. Eu gosto muito”, disse dona Delzuita Santos, 67 anos, moradora do Lar do Vovô.
Um outro aspecto importante é estimular a alimentação saudável usando os produtos cultivados na horta no preparo da alimentação dos idosos.“O benéfico da horta foi muito bom, porque a gente evitou de comprar alguns temperos e passamos a usar as ervas produzidas na horta, como, por exemplo, a cebolinha, a rúcula, a salsinha que deixa a comida mais gostosa, e sabemos que é natural. Os idosos estão amando, gostam de molhar, tirar o excesso de matinhos”, disse Iracélia Oliveira, cozinheira do Lar do Vovô.
Pedagogia da Alternância
A "Horta do Vovô" faz parte da educação no campo que recomenda a doação da Pedagogia da Alternância em Escolas do Campo. “A Escola Família Agrícola, através da pedagogia de alternância e da educação do campo e para o campo, sempre incentivou a busca do conhecimento através dos seus instrumentos pedagógicos e projetos. Sendo que os mesmos sempre buscam a mudança na comunidade, trazendo melhorias, ações, projetos. Diante de várias discussões, surgiu a ideia de implantarmos hortas orgânicas, dessa vez, em uma instituição da cidade, para promovermos nossa ideologia do campo para a cidade. Foi com esse intuito que envolvemos nossos alunos, associação mantenedora, SEMEC, professores/monitores, direção e coordenação em prol desse lindo projeto,” esclarece Cássio Santos, professor da Escola Família Agrícola e idealizador do projeto.
A pesquisa “Panorama do Consumo de Orgânicos no Brasil”, desenvolvida pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), junto à empresa Brain Inteligência Estratégica e à iniciativa Unir Orgânicos mostra que 31% da população brasileira consumiu alimentos orgânicos em 2021, o que representou um aumento de 106% em comparação a 2017.
A escolha de alimentos saudáveis é fundamental para a preservação do solo, água, biodiversidade e valorização dos pequenos agricultores familiares. iniciativas de projetos como a horta valorizam a alimentação saudável e práticas agroecológicas na chapada, incentivando, também, o crescimento de feiras Agroecológicas através do consumo consciente e saudável.
Por Ana Oliveira, estudante de Jornalismo, Campus XXIII, Seabra.
