SIEPEX JÚNIOR: universidade e comunidade escolar constroem diálogos para o futuro da ciência

Multiciência 02 outubro 2023
Corpo coreográfico da Escola Estadual Pedro Raimundo Moreira Rego

Quando a fanfarra começou a tocar e o corpo coreográfico a marchar com o balizador a sua frente fazendo acrobacias – o vermelho dos uniformes queimando junto ao calor sufocante – pareceu abrir-se ali as janelas para o futuro. Janelas que perpassaram toda a V Semana Integrada de Ensino Pesquisa e Extensão (SIEPEX), realizada no Departamento de Ciências Humanas (DCH), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Janelas que formaram laços e convergiram para novos diálogos entre a universidade e a rede de educação básica.

Faixa da Siepex Júnior


A professora Ana Emidia do Colégio Misael Aguilar Silva (CEMAS), orientadora do Clube de Astronomia e coordenadora do projeto Engre(S)er, relatou que a Siepex Júnior demonstrou uma experiência importante, pois “é o momento em que a comunidade acadêmica conhece o que estamos desenvolvendo na escola e também os nossos estudantes têm a oportunidade de conhecer o ambiente acadêmico”.

A professora do CEMAS Ana Emidia e a aluna Iandra Mirelle

O projeto Engre(S)er que surgiu em 2022 desenvolve atividades com estudantes do ensino médio, colocando-os em contato com a cultura africana a fim de demonstrar o seu valor. Iandra Mirelle, estudante do CEMAS e participante do projeto, conta que o projeto “melhorou muita coisa na escola em questão de etnia, porque já vi muitas pessoas sofrendo bullying no colégio e com o projeto está parando mais. Não vou dizer que parou total porque o racismo continua, mas está melhorando bastante”, disse a aluna.

Celicia Rodrigues, coordenadora da EMEI Amélia Duarte 

Para Celicia Rodrigues, coordenadora da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) - Amélia Duarte, a Siepex Júnior representou a chance de compartilhar o trabalho desenvolvido no “Maleta da Leitura” e possibilitar que mais pessoas disseminem a ideia. O projeto busca inserir as crianças no mundo da leitura, assim como suas famílias, a partir do momento em que as crianças levam a maleta de livros para casa e geram conexões.

Os professores do CODEFAS Vanessa Chaves e Charles Jean, com a diretora do DCH-III Edonilce Barros e a professora do curso de pedagogia Kalline Lira 

Na sala multiuso, coordenada pela professora do curso de pedagogia Kalline Lyra, ocorreram as apresentações do Colégio Democrático Estadual Professora Florentino Alves dos Santos (CODEFAS) que contou com a participação de professores do colégio e da diretora do Departamento de Ciências Humanas, Edonilce Barros.

As estudantes Joelma Borges e Daniele de Souza apresentaram o FACDEFAS, um projeto que tem o objetivo de fomentar através da arte o fazer interdisciplinar, traduzindo de maneira artística em um produto final todos os conhecimentos dos componentes curriculares do currículo oficial. Segundo o diretor Charles Jean da Silva Pereira, o projeto “é como uma linha que costura todos os conhecimentos que aprendemos de forma separada para que juntos, no final de tudo, o aluno consiga dar um significado, entenda que todo esse conhecimento está interligado”.

Os estudantes do CODEFAS, Gabriel Firmino e Janine Lopes
apresentando o projeto Clube de Ciências Opará.

Também foi divulgado na sessão de apresentações do CODEFAS, o “Clube de Ciências Opará” que enfatizou a construção do protagonismo estudantil na educação científica, proporcionando para os estudantes a visão de um currículo de ciências com a criação de projetos científicos e matéria de iniciação científica. Janine Lopes que participa do projeto desde o 1º ano e atua como diretora de comunicação no Instagram do projeto “@clube_de_ciencias_opara”, conta que o clube ajuda os alunos a se prepararem para entrar na universidade e a introduzir a linguagem científica no seu dia a dia.

A estudante ainda relata que o nome do clube “Opará” – o nome indígena do Rio São Francisco – visa justamente trazer a ideia de que a ciência também é cultura, inserindo os estudantes nas questões culturais da região, com a produção de artigos sobre a cidade. “O objetivo não só é trazer a ciência de uma forma diferente pros alunos, mas também mostrar essa parte cultural de Juazeiro. O clube de ciências Opará mostra uma ciência ampla. Tudo é ciência”, relata a estudante.

Aurilene Rodrigues, coordenadora do colegiado de pedagogia

Para Aurilene Rodrigues, coordenadora do Colegiado de Pedagogia e membro da comissão organizadora do evento, a Siepex Júnior consolidou o diálogo entre a universidade e a comunidade, especialmente a educação básica. “A presença das escolas da rede municipal e estadual apresentando os seus projetos foi essencial. Esse diálogo com a educação básica era algo que almejávamos já há algum tempo”, disse a docente. O evento chegou ao fim marcado pela troca de experiências, de energia, sendo uma chance de construir outras experiências e abrir novas janelas de pesquisa, ensino e extensão.

Estudantes no encerramento das atividades da V SIEPEX

Texto e fotografias por Jônatas Pereira, estudante de Jornalismo em Multimeios e monitor voluntário do NAC.