O ensino remoto aproxima as tecnologias e mídias à formação e prática docente?

Multiciência 16 julho 2020
Edilane Carvalho Teles; Gesner Santana

A resposta é que sim, pois foram os meios tecnológicos e midiáticos que neste momento possibilitaram um dos caminhos possíveis às construções realizadas no improviso das práticas docentes em prosseguimento ao ano letivo. Apesar da contestação e reivindicação necessárias que devemos fazer, ao distanciamento e exclusão de muitos, pois nem todos conseguiram dar continuidade ao processo de formação, ensino e aprendizagem, nunca é demais reafirmar que a educação é um direito de todos. 
  1. A princípio, muitos docentes viram-se na obrigatoriedade de “encontrar por si” alternativas. Uma das primeiras escolhas foi o uso extensivo do WhatsApp, um aplicativo de multiplataforma para mensagens instantâneas e chamadas de voz, amplamente difuso nos grupos das escolas, incluindo pais e alunos, como meio para o envio e acompanhamento das atividades, um dos canais de comunicação, muitas vezes além do tempo de trabalho. Assim, foi configurando-se como um dos meios principais de otimização do ensino remoto, mas que não alcança a todos, as vezes por opção de não uso;
  2. Outro meio foi o Skype, um programa que permite a comunicação através de chamadas e chat individual ou em grupo, permitindo o envio de mensagens instantâneas. Mas que nem todos sabem usar e, dependendo da velocidade da internet, as conexões podem ser bem limitadas;
  3. O Instagram ganhou também outro status neste período, pois de rede social de compartilhamento de fotos e vídeos com breves descrições, foi visto como um canal de comunicação para a realização de lives (encontros online), com exposições entre participantes, que conectam-se para dialogar sobre determinados temas da educação, formulando assim, algumas das ações que moveram-se nesse direcionamento de reciprocidade e instantaneidade, portanto, um dos lugares para fomento aos contatos; 
  4. O quarto é o Google meet, muito acessado por grupos diversos como uma das possibilidades “estrategicamente” acessíveis, “ofertada” como um dos serviços da empresa Google, para promover a comunicação através de vídeo chamadas, o qual permite a realização de reuniões, incluindo o armazenamento de arquivos, assim como, a possibilidade de alterações em documentos de forma compartilhada, além da possibilidade de reuniões com a presença contemporânea de até 250 pessoas virtualmente, com gratuidade garantida até 20 de setembro de 2020, como informação exposta no site; 
  5. O Zoom, aplicativo de videoconferência muito utilizado para a interação de grupos. No formato gratuito, limitado a 40 minutos e 100 participantes.

As alternativas acima, são citadas por terem sido entre os docentes, as proposições tecnológicas (App’s das redes sociais) e de dispositivos acessíveis (smartphones em sua maioria) mais conhecidos e difusos, por sua relação construída anteriormente como entretenimento e meios comunicacionais do cotidiano, até então, fora do contexto das escolas e salas de aula. Assim, as opções trilharam um percurso pautado nas experiências e conhecimentos do que se tem, para a realização do possível. Com exceção do Google meet, anteriormente com outro nome ‘Hangout’, que era mais comum entre empresas na realização de reuniões.  
Nesse sentido, programas diversos e redes sociais passaram a compor o elenco de estratégias às problemáticas comunicacionais e pedagógicas sobre as atividades do ensino presencial a serem realizadas remotamente. No contexto de várias instituições com mais estrutura material, foram escolhidas ou construídas plataformas para os ensinos. Vale destacar que os vieses e percursos propostos com as tecnologias não chegaram a todos, assim as explanações que fazemos alcança apenas aqueles que tem internet, dispositivos e os programas disponíveis, de acordo com as escolhas. Cada grupo tem feito internamente com os próprios pares, quais irão implementar.   
Com vistas a ampliar as opções, uma das atividades propostas aos professores na preparação e efetivação dos planejamentos e ações dos currículos foram as videoaulas, cuja gravação, inicialmente era uma empreitada das escolas aos profissionais ou ainda, dependendo do contexto, gravações realizadas pelos professores em casa e enviadas à escola, utilizando o celular e computadores pessoais, com exceções. Assim, aqueles que não conhecem programas e plataformas realizam sob demanda das instituições, que implementam estruturas mínimas, com a presença de um cinegrafista e às vezes, incluindo assessorias sobre os modos de fazer. Outros, com mais destreza com as tecnologias gravam as próprias aulas, buscam tutorias e assim seguimos. 
Vale destacar que as propostas formativas com as tecnologias precisam superar o viés do improviso e que o professor não é o único responsável por todo o processo. Se investigarmos sobre a produção de um vídeo, por exemplo, veremos que além da ideia e uso de filmadoras, envolve uma série de expertises para sua realização. Assim, estamos a falar de um trabalho multidisciplinar, que pode vislumbrar a perspectiva de entendimento e ação interdisciplinar: (a) da produção de conteúdos por especialistas nas áreas de conhecimentos (aqui o professor é o protagonista); (b) a realização do roteiro (pelo roteirista, o qual tem estudos específicos); (c)o manuseio dos dispositivos para a filmagem, a edição e publicação nas plataformas.
Até aqui ainda não salientamos o aspecto mais notório e fundamental no processo de ensino e aprendizagem, a interação e construção compartilhada por todos, com o entendimento que vai além do conteúdo e manuseio dos dispositivos, que deve incluir  criticidade, interpretação e transposição à vida. Destacamos a complexidade acenada do percurso como uma proposta à formação inicial e continuada de docentes, de abertura ao diálogo necessário sobre a aproximação e apropriação de tecnologias e mídias, por isso, a ênfase que fazemos sob o ponto de vista de indicação e alguns exemplos, que podemos propor e implementar para conhecer, experimentar, analisar, avaliar e finalmente incluir paulatinamente nas nossas ações e práxis pedagógica. Tal perspectiva retorna a nós mesmos e aos colegas de profissão, professores/as, sobre um dos temas que permeia o cotidiano formativo e profissional na promoção das próprias aulas, cujas dimensões estão distantes do que conhecíamos anteriormente. A afirmação é notória diante das incertezas do ‘futuro da docência’ que não sabemos ainda qual formato terá, portanto, são tentativas. 
Para compreender os formatos que temos ‘sistematizado’ no improviso do ensino remoto, apontamos algumas iniciativas. A primeira emerge da recepção docente, sobre   a oferta e produção de videoaulas a professores e alunos de licenciaturas. O qual pode ter como escopo e percurso o uso das redes sociais, com a justificativa que em meio às dificuldades impostas pela pandemia do Covid-19, e em decorrência o isolamento social como medida de segurança e o cancelamento das atividades presenciais, muitos professores foram apresentados a esta nova conjuntura na educação. Assim, o desafio de gravar e produzir aulas ao vivo ou a serem enviadas, colocaram muitos professores em uma situação de desconforto. A urgência das ações a serem realizadas em um curto prazo acabou escancarando as questões acima como uma necessidade, até então deixada em segundo plano por docentes e instituições de ensino, quanto ao conhecimento, planejamento e produção de aulas fazendo uso de dispositivos e tecnologias digitais, como, por exemplo, programas, aplicativos e sites voltados para a prática docente, muitos destes além dos muros das escolas. A seguir,  algumas indicações de programas e plataformas na produção e difusão de Videoaulas:

Assim, somos apresentados a uma “outra” realidade na educação, principalmente dos limites entre o ensino à distância (EAD) e o ensino remoto, num contexto onde as redes sociais reafirmaram seu papel como importantes aliados ao processo formativo do professor, bem como, sua utilização como estratégia de proximidade com os alunos, estreitando relações e fornecendo opções mais dinâmicas de interação. Tendo em vista que a problemática da formação continuada tenha como proposta, o oferecimento de noções básicas de produção e criação, bem como o uso eficaz das redes para funções pedagógicas e de auxilio à ação.  
Desafio posto, o que pudemos constatar é que estamos num percurso apenas iniciado, não único, pois nas redes tem muitas produções interessantes publicadas com o mesmo objetivo. Nossa proposição é colaborar com a realização da formação ao vivo, que pode ser transmitida pelo youtube (restrito ao grupo ou público), na participação de profissionais com expertises diversas, mas que trabalharam juntos num entendimento interdisciplinar do fazer a proposta de aula e curso. 
Algumas proposições para as aulas remotas:
  • Qualificar e promover formações aos professores para a utilização de dispositivos e tecnologias digitais a serem utilizadas como uma das possibilidades de enriquecimento para sua prática docente; 
  • Conhecimento das noções básicas para a produção de videoaulas usando programa específicos; Produção de vídeos para/na internet;
  • Orientações e dicas para a utilização das redes sociais para professores, criação e gestão de perfil educacional; 
  • Compreender a diferença entre as propostas de ação, planejamento e propósito da aula;
  • Conhecer a formatação e montagem da aula (videoaula não é aula presencial). Produção de roteiro, planejamento de gravação. Noções de montagem de cenário, dicas de iluminação e sonorização e o entendimento destes recursos como sendo fundamentais para o resultado final da produção. Proposta de produção de um roteiro de aula, adaptado para a gravação da videoaula direcionada à proposta final de produção do vídeo;
  • Refletir as aulas em formatos interativos, de entendimento e sistematização dos roteiros produzidos como meios de socialização dos conteúdos.
  • Compartilhamento com os pares na educação, as ‘alternativas’ elaboradas e implementadas para as atividades, num formato democrático de conhecimento aberto a todos; o momento é de solidariedade;  
  • Conhecer e compreender os usos das redes sociais, sua utilização como meio e estratégia de proximidade com os alunos, estreitando relações e fornecendo opções mais dinâmicas de interação;
  • Ampliar o planejamento das ações à produção de materiais formativos com cuidado e referência pontual aos estudos aproveitando as possibilidades das redes sociais como Instagram, facebook e Youtube. 
Reafirmamos, melhores práticas com o ensino remoto não dependem exclusivamente do professor(a), esta é uma responsabilidade de todos os envolvidos com a educação.