Nascido na cidade do Recife, em 1921, Paulo Reglus Neves Freire se formou em Direito em 1941 pela Universidade do Recife, mas sua trajetória de vida foi dedicada à educação e alfabetização de jovens e adultos. Nas salas da Universidade do Recife, iniciou as primeiras experiências de alfabetização, como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963, quando alfabetizou 300 pessoas em 45 dias.
Em 1964, coordenou o Programa Nacional de Alfabetização, que deveria atingir 5 milhões de adultos. Com o golpe militar, o programa foi interrompido e inicia uma perseguição a Paulo Freire e todos os brasileiros que acreditavam na educação popular por meio do "Método Paulo Freire". O educador buscou exílio no Chile, e lá produziu a sua obra mais conhecida e traduzida em vários países: Pedagogia do Oprimido.
Paulo retornou ao Brasil em 1980, saudoso de sua terra, suas origens, o contato com a população, o povo oprimido, a militância política, professores e intelectuais. Com a sua chegada, percorreu o Brasil, mobilizou juventude e movimentos sociais para colocar em prática o método de alfabetização. Em 1983, foi convidado por Dom José Rodrigues, bispo da Diocese de Juazeiro, para ministrar cursos de educação popular para professores e profissionais juazeirenses interessados em dar continuidade a sua obra.
Construiu junto com as classes populares movimentos importantes como a luta pelas Diretas Já, aprovação da Constituição de 1988, defendeu direitos dos professores e lutou pela valorização do magistério, realizou cursos e promoveu o diálogo, seu legado como educador que acreditava também na comunicação em uma perspectiva dialógica e transformadora da realidade social excludente.
O educador ganhou vários prêmios, em todo o mundo, como reconhecimento da relevância de seus trabalhos na área da educação. Em abril de 1997, lançou seu último livro, "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa", e em maio, faleceu vítima de um infarto do miocárdio.
Em 2012, por meio da Lei 12.612, de 13 de abril de 2012, de autoria da Deputada Federal Luíza Erundina, Paulo Freire foi declarado Patrono da Educação Brasileira.
Seu legado é incontestável, influenciou uma geração de professores, pesquisadores, intelectuais. Atualmente, o educador é vítima de campanha de Fake News e da ignorância de pessoas que desconhecem a grandiosidade de sua vida e obra, disseminando mentiras a respeito do pensamento intelectual e deturpando textos escritos pelo autor.
Para demonstrar o legado da obra de Paulo Freire, a Agência MultiCiência celebra o seu centenário e compartilha com vocês depoimentos de intelectuais juazeirenses, profissionais do jornalismo e da educação, a partir da produção jornalística das estudantes Mariana Brasileiro e Edilene da Silva Leite e supervisão da professora Andréa Cristiana Santos.
Acompanhe a programação do Centenário de 100 anos de Paulo Freire neste blog e no instagram @multiciencia. O primeiro episódio é com o professor e pesquisador Marcelo Ribeiro, da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), que destaca a relevância da obra do educador brasileiro para a produção do conhecimento científico. Confira o depoimento:
Andréa Cristiana Santos - Redação MultiCiência