Segue a baixo a entrevista completa.
Quando
você começou a desenhar e em qual momento você percebeu que sua arte poderia
ser uma fonte de renda?
Eu desenho desde que me vejo por gente,
uns 7 ou 8 anos de idade. Daí, comecei a trocar desenhos por lanche na escola.
Vim de uma família humilde, nunca faltou nada em casa; meu pai sempre foi
trabalhador. No entanto, eu desejava pequenos luxos, como lanchar na escola, e
foi aí que comecei a fazer essas trocas. Percebi que poderia transformar isso
em um comércio.
Aos 13 anos, conheci Ramires, um
profissional de tatuagens que me fez sentir o desejo de seguir no ramo da arte.
Aos 14, participei no colégio Paulo Sexto do programa estudantil "Lápis na
mão", competindo com mais de 700 pessoas, e tive êxito, ficando em
primeiro lugar. Fui destaque em uma feira de empreendedorismo na escola,
participando com enfoque em arte. Com 16 anos, comecei a ingressar no ramo da
tatuagem, e aos 17, terminei o ensino médio já empregado na área.
Por
que você recebe o nome profissional “Tatuador das estrelas”?
Eu comecei a andar muito com artistas, e em 2020
tatuei o Poeta em Salvador e ele brincou ‘Por que você não é tatuador das
estrelas, tatuador dos artistas, isso e aquilo’, e assim terminou colando e até
hoje permaneceu e trabalho com esse nome. Já tatuei vários outros artistas
também, como Igor Canário, Duda Wendling (atriz da TV globo), Backing vocal da
banda “La Fúria”, cantor polêmico entre outros famosos, por isso o nome
pegou.
Em algum momento da sua juventude na
periferia, você se encontrou envolvido em situações desafiadoras ou atividades
questionáveis?
Sim, quando eu estava indo para o ginásio
sexto ano, eu era um garoto muito brigão, praticava boxe, judô, me enturmei com
algumas pessoas que gostavam disso e a gente estava sempre brigando, a gangue
era organizada em hierarquia, e para entrar na gangue você precisava bater nos
outros e ia subindo de cargo sempre que ia “derrotando” os dos cargos acima do
seu, e isso servia para dizer quem você deveria respeitar e quem iria te
respeitar, eu fiquei na segunda posição. Eu fui crescendo e amadurecendo minhas
ideias, outros integrantes da gangue foram parando de estudar, perdendo o ano,
e hoje em dia muitas pessoas que eu andava naquele tempo não existem mais,
estão debaixo da terra, outras foram presas, eu fico feliz de ter saído dessa
vida.
Existe algo específico que você gostaria de destacar, registrar ou
transmitir à juventude?
Sempre acredite nos
seus sonhos e siga até o fim, independente das barreiras que apareçam, continue
no foco até conquistar o que deseja.