A obra da Travessia Urbana em
Juazeiro (Bahia) segue progredindo a todo vapor. Mas, andando pela cidade,
algumas pessoas estão sentindo falta de determinados empreendimentos que foram
fechados ou não estavam mais no local que costumavam estar. Os comerciantes
reclamam. A mídia convencional não acolhe essas denuncias.
As imagens registradas nesta
fotorreportagem investigam as implicações desse projeto de infraestrutura e
denunciam o que aconteceu e está acontecendo com as pessoas atingidas em nome
do “progresso”. Além disso, buscam cumprir a função social do Fotojornalismo e
construir uma narrativa contra-hegemônica, que coloca luz sobre as questões
apagadas e as vidas afetadas pela obra, como a pequena comerciante Ângela
Nunes, por exemplo, que possuía um quiosque de acarajé no Parque da Lagoa do
Calú. O comércio de Ângela estava no local há quatro anos e possuía oito
funcionários. O local ficava na rota do projeto, mas ela não recebeu nenhuma
notificação, e as máquinas derrubaram seu estabelecimento.
Outro empreendimento afetado foi o
Açaí do Vilela. A lanchonete precisou despedir funcionários e viu o fluxo de
clientes cair desde o início das obras. O proprietário do negócio, Rafael
Vilelateme ter que fechar seu empreendimento nos próximos meses devido a poeira
que atrapalha o consumo de alimentos e os trabalhos da obra serem em frente a
entrada do local, o que dificulta o acesso.
Ao escutar os comerciantes próximos
aos locais das obras, percebe-se que as pessoas cuja vida foi impactada não
foram consideradas pela gestão do município. Embora o projeto gere empregos,
não houve uma consulta prévia às pessoas que teriam sua renda afetada, o que
denuncia a falta de planejamento social da obra em relação às pessoas que já
ocupavam aqueles espaços anteriormente.
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Obra da Travessia Urbana em Juazeiro Bahia, trecho da BR-407, maio de 2024/ Fox |
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Homens e máquinas trabalham pela ordem e progresso/ Fox |
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Obra da Travessia Urbana dificulta o acesso ao Açaí Altas Horas: clientela e faturamento diminuem/ Fox |
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Constantes nuvens de poeira são um dos impactos causados pela obra/ Fox |
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Ângela Nunes, vendedora de acarajé, retorna pela primeira vez ao local em que ficava seu
quiosque; foi demolido por causa da obra/ Fox |
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Em nome do desenvolvimento de Juazeiro, sonhos são sufocados/ Fox |
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A vendedora de acarajé tenta adaptar seus sonhos em um outro espaço/ Fox |
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"É isso, viva o progresso!", chora Ângela Nunes/Fox
Produção:
Ana Beatriz Menezes, Levi Varjão e Yanne Nascimento, Coletivo Fox. Alunos de Jornalismo em Multimeios. |