Fotorreportagem: Impactos invisíveis da obra da Travessia Urbana em Juazeiro (BA)

Multiciência 26 junho 2024

A obra da Travessia Urbana em Juazeiro (Bahia) segue progredindo a todo vapor. Mas, andando pela cidade, algumas pessoas estão sentindo falta de determinados empreendimentos que foram fechados ou não estavam mais no local que costumavam estar. Os comerciantes reclamam. A mídia convencional não acolhe essas denuncias.

As imagens registradas nesta fotorreportagem investigam as implicações desse projeto de infraestrutura e denunciam o que aconteceu e está acontecendo com as pessoas atingidas em nome do “progresso”. Além disso, buscam cumprir a função social do Fotojornalismo e construir uma narrativa contra-hegemônica, que coloca luz sobre as questões apagadas e as vidas afetadas pela obra, como a pequena comerciante Ângela Nunes, por exemplo, que possuía um quiosque de acarajé no Parque da Lagoa do Calú. O comércio de Ângela estava no local há quatro anos e possuía oito funcionários. O local ficava na rota do projeto, mas ela não recebeu nenhuma notificação, e as máquinas derrubaram seu estabelecimento.

Outro empreendimento afetado foi o Açaí do Vilela. A lanchonete precisou despedir funcionários e viu o fluxo de clientes cair desde o início das obras. O proprietário do negócio, Rafael Vilelateme ter que fechar seu empreendimento nos próximos meses devido a poeira que atrapalha o consumo de alimentos e os trabalhos da obra serem em frente a entrada do local, o que dificulta o acesso.

Ao escutar os comerciantes próximos aos locais das obras, percebe-se que as pessoas cuja vida foi impactada não foram consideradas pela gestão do município. Embora o projeto gere empregos, não houve uma consulta prévia às pessoas que teriam sua renda afetada, o que denuncia a falta de planejamento social da obra em relação às pessoas que já ocupavam aqueles espaços anteriormente.



Obra da Travessia Urbana em Juazeiro Bahia, trecho da BR-407, maio de 2024/ Fox

Homens e máquinas trabalham pela ordem e progresso/ Fox

Obra da Travessia Urbana dificulta o acesso ao Açaí Altas Horas: clientela e faturamento diminuem/ Fox

Constantes nuvens de poeira são um dos impactos causados pela obra/ Fox

Ângela Nunes, vendedora de acarajé, retorna pela primeira vez ao local em que ficava seu quiosque; foi demolido por causa da obra/ Fox

Em nome do desenvolvimento de Juazeiro, sonhos são sufocados/ Fox

A vendedora de acarajé tenta adaptar seus sonhos em um outro espaço/ Fox

 "É isso, viva o progresso!", chora Ângela Nunes/Fox






Produção: Ana Beatriz Menezes, Levi Varjão e Yanne Nascimento, Coletivo Fox. Alunos de Jornalismo em Multimeios.