No último sábado (10), a Faculdade de Petrolina (FACAPE) sediou o 1º Simpósio de Superdotação do Vale do São Francisco, onde foram discutidos os desafios e as formas de inclusão de pessoas superdotadas. O evento, apresentado por Nilmara Parmenes, contou com a participação de especialistas como o psicopedagogo Marcelo Forte, a neuropsicóloga Taciana Albuquerque, e a educadora parental Alana Camara.
Primeiro Simpósio de Superdotação no Vale do São Francisco. Reprodução: Agência MultiCiência
De acordo com o Ministério da Educação, uma pessoa pode ser avaliada como superdotada (ou também como uma pessoa com altas habilidades) quando demonstra potencial elevado nas áreas intelectuais e acadêmicas, além de habilidades com liderança, criatividade e envolvimento nas tarefas de seu interesse. São pessoas com alto processamento cognitivo e que podem se destacar em vários âmbitos escolares na infância.
Apesar de parecer um benefício, pessoas com altas habilidades passam por vários desafios diariamente, como a dificuldade de aceitação social, solidão, ansiedade, alta cobrança e perfeccionismo excessivo. É comum que algumas crianças com essa identificação se sintam sobrecarregadas, seja pelo seu alto processamento de pensamentos ou por cobranças da família, o que pode influenciar no bem-estar psicológico dessa criança.
O psicopedagogo superdotado Marcelo Forte conta que “Quanto maior o nível de superdotação, maior o nível de sofrimento para aquela pessoa. A superdotação é caracterizada também por assincronias, por exemplo: se alguém tem um desenvolvimento cognitivo muito bom, mas um desenvolvimento psicomotor muito ruim, como uma criança que monta um cubo mágico em seis segundos, porém, essa mesma criança demora cinco minutos para escrever o nome dela”.
Psicopedagogo Marcelo
Forte. Reprodução: Agência MultiCiência
Dessa forma, com o objetivo de desmistificar as questões voltadas para as pessoas superdotadas/com altas habilidades, o 1º Simpósio de Superdotação do Vale do São Francisco contou com profissionais superdotados ou que têm filhos com altas habilidades, com o intuito de promover a inclusão e expandir a conversa de mais pessoas.
O evento, que contou com a presença tanto de profissionais da saúde, quanto da educação, pôde também sanar algumas dúvidas de alguns presentes de como abordar o tema, que pode ser desde quais as características de pessoas com altas habilidades, como acolher devidamente essas pessoas, aspectos socioemocionais e a superdotação no contexto familiar.
Para muitos, a pessoa com altas habilidades pode estar inserida em um estereótipo de genialidade ou de grande talento, entretanto, conforme o psicopedagogo Marcelo Forte, “a superdotação não é um talento, mas sim, uma capacidade de processamento absurdamente acelerado. A gente quer trazer a visão do superdotado realmente como ele é”, conta o profissional, que é especialista no assunto.
Nilmara Parmenes, organizadora do Simpósio, mulher superdotada e mãe de uma criança com altas habilidades, conta que a iniciativa do evento surgiu, por entre outros motivos, pela busca por uma avaliação especializada para seu filho, que tem dois anos de idade. “Dentro dessa busca percebi que não tínhamos profissionais especializados nessa área para avaliar o meu filho”.
Nilmara Parmênides,
organizadora do Primeiro Simpósio de Superdotação no Vale do São Francisco.
Reprodução: Agência MultiCiência.
Nilmara conta que, com isso, foi em busca de um dos poucos profissionais especializados em superdotação na região. Nessa busca, surgiu um insight para a criação do Simpósio. “Ainda há uma visibilidade escassa dentro do tema”, diz. “Em cinco horas não conseguimos expor tudo, mas eu acredito que esse evento já faz a diferença. Na primeira palestra já tivemos um feedback bem positivo de conhecimento e de informação para as famílias que precisam [...] ainda existem muitas dúvidas dentro da superdotação”.
Por conta da carência de profissionais aptos para identificar pessoas com altas habilidades, existe uma dificuldade para mapear esse grupo de pessoas. Em 2022, o CENSO Escolar contabilizou 26,815 alunos com altas habilidades na educação básica brasileira, entretanto, esse número pode ser maior.
“Já foram feitas muitas pesquisas
com professores de superdotados que revelaram que os professores não sabem o
que é superdotação. É uma área permeada por mitos e muitos profissionais não
sabem lidar. Superdotados estão por aí nas salas de aula com baixo rendimento
escolar, hiperativos e muitas vezes recebendo diagnóstico de TDAH ou transtorno
de humor como, eu mesmo já recebi”, relata Marcelo.