Dinâmicas Digitais E Os Novos Desafios No Campo Do Jornalismo

Multiciência 04 setembro 2024
                                                                            
Foto: Meiwa Magalhães

O cenário do jornalismo que antes era dominado por jornais impressos, revistas e transmissões televisivas, agora se desdobra em um vasto e complexo ecossistema digital. Para compreender um pouco mais sobre esses ecossistemas, suas nuances e impactos no campo do jornalismo, o Laboratório de Narrativas e Linguagens Comunicacionais (LABNCOM) da UNEB promoveu no último dia 26 de agosto, o Seminário “Cultura Digital e Práticas de Comunicação,” que trouxe discussões essenciais sobre a plataformização e seus impactos nas práticas comunicacionais contemporâneas.

Os convidados foram os professores doutores Carlos Frederico de Brito D'Andrea, especialista em Estudos de Plataforma, coordenador Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM/UFMG) e professor associado do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, e Elias Bitencourt, pesquisador de cidadania digital e visitante Milieux Center/Concordia University, Canadá e professor adjunto da UNEB/Salvador. Os dois ofereceram reflexões valiosas sobre as transformações e desafios que a digitalização impõe a profissão de jornalismo

Carlos D'Andrea, por exemplo, referência em estudos sobre plataformas online, destacou a importância de preparar os estudantes da área da comunicação para os desafios impostos pelas plataformas digitais, como Instagram, Tiktok, Facebook, entre outros. D’Andrea mencionou um trabalho realizado pelo Data Lab com estudantes de Design, cujo objetivo principal foi incentivar esses alunos a desenvolverem uma visão mais crítica e contextualizada das práticas de design no ambiente digital. A promoção desse tipo de experimentação prática, segundo ele, possibilita a construção de narrativas orientadas por dados, uma habilidade indispensável para o mercado digital no presente e futuro.

“A visualização de dados, por exemplo, vai além de simplesmente representar números; ela oferece uma metodologia para análise crítica,” explicou D'Andrea. Esse processo é fundamental para que os futuros profissionais sejam capazes de enfrentar problemas no universo digital e desenvolver soluções inovadoras que dialoguem com as características que são apresentadas pelas plataformas, tais como a funcionalidade através de algoritmos.

Já Elias Bitencourt abordou as complexidades do engajamento e ativismo no cenário no quesito da cidadania digital. Para Bitencourt, as plataformas oferecem tanto oportunidades quanto desafios. Ele enfatizou como as tecnologias permitem a mobilização de grupos que antes não tinham essa ferramenta comunicacional, “não tinha voz”, possibilitando ações de pressão política e social. Mas também alertou sobre os ambientes cada vez mais hostis das plataformas, que frequentemente perpetuam lógicas excludentes.

“O grande desafio é manter as mobilizações e renová-las, encontrando novos mecanismos que, embora dependentes da tecnologia, consigam superar as lógicas de segregação que têm se intensificado nas plataformas,” afirmou Bitencourt. Ressaltou ainda a necessidade de apropriação desses espaços digitais para promover causas que visem o bem comum e os direitos humanos, indo contra a corrente de marginalização e exclusão.

As contribuições de Carlos D'Andrea e Elias Bitencourt no Seminário reforçam a importância de um olhar crítico sobre a plataformização da comunicação e a cultura digital. Enquanto D'Andrea destaca a preparação técnica e metodológica para o design no contexto algorítmico, Bitencourt traz à tona os desafios éticos e sociais do uso dessas plataformas para o ativismo e a cidadania. Ambos, entretanto, convergem na ideia de que a compreensão profunda das dinâmicas digitais é essencial para enfrentar os desafios presentes e futuros no campo da comunicação e da cultura.

Por Meiwa Magalhães, estudante de Jornalismo em Multimeios e colaboradora do MultiCiência.