O livro-reportagem “Todos os Encantos: A festa do Caboclo Boiadeiro reúne a tradição afro-indígena em Juazeiro-BA", escrito pela jornalista Paloma Cristina Silva, egressa do curso de Jornalismo em Multimeios na UNEB - Campus Juazeiro, é o vencedor do Prêmio Expocom Nacional 2024, ocorrido no início de setembro, em Balneário Camboriú (SC). A obra escrita por Paloma, concorreu com mais quatro livros-reportagem.
Em maio deste ano, ela já havia ganhado o Expocom Regional, na cidade de Natal (RN), com a mesma obra, o que garantiu a participação do livro-reportagem na edição nacional do prêmio. A obra “Todos os Encantos: A festa do Caboclo Boiadeiro reúne a tradição afro-indígena em Juazeiro-BA" é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da jornalista Paloma, orientado pela professora Doutora Márcia Guena.
A Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) faz parte do maior Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, denominado Intercom, e reúne pesquisadores, professores e estudantes de todo o país. A premiação que elege os melhores trabalhos acontece no último dia do congresso e é um momento em que produtos jornalísticos e audiovisuais de diversas áreas da comunicação, feitos especialmente por estudantes, são anunciados.
Prêmio Expocom Nacional 2024. Foto: Arquivo Pessoal
A jornalista, e atual mestranda na Universidade Federal da Bahia (UFBA), se emociona ao destacar a importância do prêmio, que se baseia em uma festividade de religião de matriz africana, e ter o mérito de vencedor pelo Expocom, sendo sediado na região sul do país nesta edição. Ela relata que é uma vitória enorme falar da grandiosidade da festividade documentada no livro em um evento que reúne diversas importâncias culturais. “A história existe, só precisa ser documentada”, ressalta.
Paloma Cristina Silva, vencedora do Expocom Regional e Nacional 2024 com melhor livro-reportagem. Foto: Arquivo Pessoal
Tudo começou na pesquisa científica
Paloma conta que quando iniciou os estudos na iniciação científica sobre a ocupação negra no Vale do São Francisco, ela constatou que era quase nula e isso foi o pontapé para começar a pesquisa, que a levou para o Terreiro Unido. De acordo com registros documentais, é a casa de terreiro mais antiga de Juazeiro (BA) que ainda está em funcionamento, fundada em 1964 e que fez parte da criação da maioria dos bairros periféricos da cidade.
“A vitória foi inacreditável”, diz a jornalista. Ela também ressalta que a UNEB - Campus Juazeiro é rica ao trazer pautas como raça e religião para o ambiente acadêmico e comunidade externa. A ex-aluna explicita sua gratidão à professora Márcia Guena, pelas pesquisas, discussões na universidade e também pela criação do Grupo de Pesquisa Comunicação Antirracista e Pensamento Afrodiaspórico no congresso, que reforçou a relevância da discussão sobre pautas raciais no Intercom, principal evento nacional de comunicação.
A jornalista comenta que no final deste mês vai realizar uma apresentação no terreiro e levar os prêmios para dar o retorno à comunidade e ainda, trazer a discussão de volta para a academia. “No início desta semana, eu conversei com o Pai, Babalorixá do terreiro, totalmente emocionada e ele também”, detalha.
Uma vitória para cultura afro-índigena
A professora e orientadora do trabalho, Márcia Guena, expressa felicidade e orgulho pela conquista de Paloma ao vencer com um produto com tema que não é lido como convencional, mas que recebeu o devido reconhecimento pela qualidade da documentação de um assunto urgente e necessário.
Márcia ressalta que a vitória tem uma importância singular porque dá destaque a uma festividade com diversos elementos culturais, ligados diretamente com as origens da região, dos povos negros e indígenas que ocupam o Semiárido. Ela também destaca o prestígio para o curso de Jornalismo em Multimeios e o Departamento de Ciências Humanas do Campus Juazeiro ao formar profissionais qualificados como Paloma Cristina.
“Sem dúvida que um prêmio como esse pode provocar uma ‘onda’ positiva junto às comunidades interna e externa.”, afirma Ceres Santos, professora que compôs a banca examinadora do TCC de Paloma. Ela explica que o congresso proporciona um intercâmbio profissional e acadêmico, além de dar reconhecimento aos esforços feitos na produção de conhecimento, dando visibilidade ao curso e à universidade.
A docente é uma grande incentivadora dos estudantes a produzirem pesquisas e produtos jornalísticos para o Intercom e Expocom, e diz que o prêmio dá abertura para uma cadeia de diversos reconhecimentos simbólicos. Ceres afirma estar situada nesse local, entre as pessoas que contribuíram diretamente para a formação de Paloma, principalmente durante as pesquisas e estudos.
A diretora do Departamento de Ciências Humanas (DCH-III), Andrea Cristiana Santos, também se orgulha e parabeniza a jornalista. Ela explica que enxerga a conquista de Paloma sendo também dos projetos de iniciação científica, coordenados por Márcia e Ceres, que estudam e discutem pautas étnico-raciais na área da comunicação. “Vê-la ganhando esse prêmio demonstra como esse campo de estudo é significativo e traz muita contribuição para a comunicação”, finaliza Andrea.
Por Aylla Bomfim, estudante de Jornalismo em Multimeios e colaboradora do MultiCiência.