A chuva não é o problema

. 02 abril 2008


Todos os anos as mesmas cenas se repetem nas cidades de Petrolina e Juazeiro, as águas de Março, como escreveu Tom Jobim, vêm fechando o verão e além da promessa de vida e boa colheita para os produtores na zona rural, também temos a certeza dos estragos na zona urbana, pois as chuvas torrenciais trazem prejuízos.

As cidades em grande parte do seu território ficam alagadas. O comércio não funciona, pois seus funcionários estão isolados em seus bairros, as crianças não têm aula, todos os setores sofrem perdas, as cidades param.

A cada primeiro trimestre ocorrem muitos transtornos, pois as autoridades esquecem de cumprir suas obrigações com a população, não desempenham suas funções, desprezando esses acontecimentos.

Anualmente, os mesmos estragos acontecem, pessoas ficam desabrigadas, bairros ficam alagados, ruas intransitáveis... E não é preciso deslocar-se para bairros periféricos para encontrar exemplos, o desdém acontece nas imediações do centro da cidade.

Além das ruas sem recapeamento do asfalto, que impossibilita o trânsito e colabora para acidentes, na época das chuvas muitos bairros sofrem com o descaso. Ainda existem ruas que não foram asfaltadas. Quando chove, ficam interditadas impossibilitando o tráfego tanto de pedestre quanto de carros e, principalmente, de transporte coletivo.

Os ônibus coletivos, nesta época, mudam a sua rota nos bairros, deixando os passageiros em paradas longe de suas residências. À noite, o problema se agrava, pois muitas das ruas têm uma iluminação precária e os moradores ficam mais propensos à ação de ladrões.

Mesmo quando as chuvas passam o problema não acaba. O lamaçal fica impregnado nas ruas. Quando toda água escorre, o que restou do lamaçal se transforma em poeira. Quem imaginou que o problema deixou de existir sem as águas aprisionadas, engana-se. A poeira invade as casas. Como conseqüência, adultos e crianças contraem doenças, principalmente as respiratórias. A população, ciente de seus direitos, procura reagir ao descaso, faz abaixo-assinados ao poder publico para obter uma solução. Reuniões são realizadas com autoridades para exigirem providencias, mas até agora nada mudou. Ficam, apenas, promessas.

É inadmissível que, em pleno século XXI, as cidades mais desenvolvidas do interior dos Estados da Bahia e Pernambuco e pólos de irrigação do Vale do São Francisco, ainda sofram com os problemas de urbanização. Petrolina e Juazeiro não se prepararam para crescer de forma planejada e qualquer volume maior de chuvas causa estragos que afetam o desenvolvimento das cidades.

É preciso pensar em políticas publicas para ajustar problemas simples, que são resolvidos apenas com um pouco de boa vontade e execução das incumbências; pois futuramente o problema poderá tomar maior proporção e talvez nem mesmo a boa vontade possa repará-los.

Por Illa Grazianne Silva Ribeiro, aluna do 3º período de Comunicação Social: Jornalismo em Multimeios na UNEB/DCH III e do 5º período de História na UPE/ Campus Petrolina.
Foto: Raphael Leal