Pesquisa desenvolve alternativa para aumento da produção da uva sem semente

. 24 setembro 2008

Com a crescente expansão da cultura de uvas sem sementes no Vale do São Francisco, pesquisa desenvolvida no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), aponta para uma nova alternativa de melhoramento dos cachos da videira.


A pesquisa é resultante da dissertação do mestrando Hélio Mauricio Viana Gonzaga, ao Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada, que visa através do uso do Ácido Giberélico (fitoregulador) o raleio químico de cachos de videira. A finalidade é reduzir o trato manual de bagas, permitido assim uma diminuição dos custos da mão-de-obra e a melhoria na qualidade da uva (cv. Superior Seedless), mais conhecida por Festival.


No momento da colheita, cada cacho da videira apresenta 140 bagas em média, sendo que o ideal seria entre 90 a 100, de acordo com as exigências do mercado internacional. E esse fitoregulador, comumente utilizado em países como o Chile e os Estados Unidos, irá contribuir para esse equilíbrio.


Na região do Vale do São Francisco, o experimento foi realizado na Fazenda Copa Fruit S.A., em Petrolina-PE, durante o ciclo da uva sem semente. “O fitoregulador de hormônio foi usado para identificar se ocorria um maior número de aborto. Foi utilizado um produto não tóxico, que não causa nenhuma ameaça ao meio ambiente, por ser extraído do fungo”, afirma o professor Valtemir Gonçalves Ribeiro, orientador da pesquisa.


A viabilidade do raleio químico demonstrou uma economia de 70,36%, comparando-se com o processo manual. Para os pesquisadores, essa tecnologia é um avanço para a viticultura da região, que atualmente sofre com o aumento dos custos de mão-de-obra necessária para o raleio manual de bagas e acréscimo dos insumos agrícolas.


A cultura da videira na região tem crescido entre os produtores do Pólo de irrigação Juazeiro/Petrolina, tornando-se a principal exportadora do Nordeste brasileiro. Hoje, segundo o IBGE, os estados de Pernambuco e da Bahia aumentaram em 39, 7% a área plantada, passando de 8 mil ha em 2005 para 11 mil ha no ano passado.


A uva sem semente tem atraído investimentos de grandes, médios e pequenos produtores e a tendência nos grandes cultivares é aumentar o plantio. Os preços obtidos no mercado com as exportações alcançam U$ 14,00 por cada caixa, desde que apresentem o peso de 4,5 kg.

Esse otimismo é proveniente do atual contexto mundial. A FNP Consultoria & Comércio revelou que a viticultura teve no ano de 2005, uma produção mundial de 11, 5 milhões de toneladas, destacando a China, que obteve a primeira posição, seguida da Turquia e da Itália. Enquanto, o consumo nesse mesmo período foi cerca de 8 milhões de toneladas, com a China, Turquia e Estados Unidos sendo os maiores consumidores.


No caso do Brasil, a produção atingiu a margem em 2004 de 1, 3 milhões de toneladas de uva. Os maiores produtores foram à região Sul (63,62%), Sudeste (18,37%) e Nordeste (18%). Pernambuco foi responsável por 64,41% da produção na região nordestina, conforme dados da FNP.


Aos produtores, que desejem mais informações, a defesa da dissertação “Raleio químico de cachos da cv. Superior Seedless com o uso de Ácido Giberélico”, ocorre nesta sexta-feira (26/09), no auditório do Departamento de Tecnologia de Ciências Sociais (DTCS), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), às 15h. A banca examinadora será composta pelo professor da UNEB, Valtemir Gonçalves Ribeiro; e os pesquisadores José Egídio Flori e Débora Costa Bastos, da Embrapa, Semi-Árido. A defesa do estudo será aberta ao público.


por Kall Britto

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(74) 3611-7363