Arquitetura de Juazeiro e Petrolina vira tema para exposição

. 09 outubro 2008
Estãção de Piranga


Casas, fachadas, casarões e pequenos afrescos compõem o cenário da Exposição Fotográfica Cal, Barro & Luz, que revela, por meio de imagens, o patrimônio arquitetônico das cidades de Juazeiro e Petrolina. A exposição faz um registro fotográfico das construções arquitetônicas construídas entre o final do século XIX e início do século XX, como uma forma de manter viva a memória local e chamar a atenção das pessoas para o descaso com o patrimônio.

A exposição de autoria da fotojornalista Jacklina Kern, expõe 24 imagens de parte da arquitetura existente nas duas cidades, sendo que uma delas foi registrada em Caboclo (Pernambuco). Entre as fotografias, o público pode apreciar as torres da Igreja Matriz de Juazeiro, a Estação Ferroviária de Piranga; a Estação de Ferro Petrolina-Terezinha, entre outras paisagens tão presentes no dia-a-dia, mas que passam despercebidas.

As imagens revelam não só a beleza das casas, mas ajuda na reflexão sobre a destruição do patrimônio histórico e não preservação da memória da cidade. “Tanto em Petrolina como em Juazeiro existem leis de proteção ao patrimônio, mas elas não são respeitadas. Em Juazeiro, por exemplo, é comum haver destruição de casas”, afirma Jackelina. Para a fotografa, a memória dessas casas que já passaram por transformações, ao longo dos anos, pode ficar cada vez mais distante com a modernidade. “O registro desse material abre um leque de objetivos, principalmente o fato de que nossos filhos e netos possam não conhecer o seu passado”, defende.

O projeto, resultante de um trabalho de conclusão do curso de Jornalismo em Multimeios, surgiu do olhar contemplador e da indignação da fotógrafa. “Foi caminhando pelas cidades de Juazeiro e Petrolina que percebi o quanto eram belas as casas e os monumentos antigos. Certo dia, procurei por uma casa que pensei em fotografar e só encontrei o barro”, conta. Assim, da admiração pelo antigo e da tristeza pela perda dessas belíssimas edificações, nasceu a exposição.

Para a orientadora do trabalho e professora do curso de Comunicação Social Jornalismo em Multimeios, da UNEB, Andréa Cristiana Santos, o registro fotográfico contribui para redescobrir à luz da fotografia e da memória aspectos da identidade social das duas cidades, construídas ao longo do tempo e ressignificadas no presente. “Como um fio de Ariadne, as imagens nos convocam a refletir sobre o presente por meio das lembranças de outrora, das pessoas e das casas que ainda existem. É uma forma de olhar as duas cidades e nos envolver-mos, abraçá-las como nossa morada”, esclarece.

A exposição resulta de uma pesquisa fotográfica com base em memórias e a observação da cidade. Segundo Jackelina Kern, o objetivo inicial era fazer uma pequena exposição nas dependências da UNEB, em Juazeiro, mas o envolvimento com as casas, os documentos e as pessoas a fez transformá-la em material educativo e exposição para a comunidade.

Historiadores Maria Isabel Figueredo (Bebela) e Euvaldo Aragão contribuíram para narrar o tempo de glamour dos casarios. A seleção das casas priorizou a composição estética e o valor histórico, mas a afetividade também influenciou o trabalho. ”Tenho as minhas fotos preferidas e as casas também. Isso, não tanto pela fotografia, mas pelas histórias vividas em cada uma delas”, conclui a futura jornalista.

A exposição ficará no Museu do São Francisco na Praça da Bandeira, em Juazeiro, até o dia 05 de novembro. O vernissage de abertura acontece na próxima amanhã (08/10) a partir das 18 horas. A anfitriã, Jackelina Kern, convida a comunidade das duas cidades para apreciar a “Cal e o Barro” das construções à “luz” da fotografia.

Por Eneida Trindade