“Jornal é um trambolho que larga tinta”. Eu não aceito essa propaganda

. 17 junho 2009
Quando eu soube do evento me interessei porque vi nele uma oportunidade de me especializar mais na minha área, já que aqui são promovidos poucos acontecimentos nessa categoria. Decidida, realizei minha inscrição com muito gosto tendo em vista esse meu objetivo que sempre carrego comigo. Combino de me encontrar com as amigas para irmos juntas ao evento. Caminhamos até o Centro de Cultura. Esperamos. Esperamos. Nos credenciamos. Subimos para o auditório. Sentamos ansiosas. Depois de todas as formalidades da apresentação, fomos ouvir a palestrante da noite, uma publicitária de uma rede televisiva.

Além de trazer dados históricos da rede ainda houve muitos elogios disfarçados de informação sobre a TV. Era a TV a melhor entre as outras redes, a mídia mais acompanhada (sendo que eu um dia ouvi falar que era o rádio, mas...), enfim, foi uma explanação sobre como as coisas “funcionam” naquela empresa. E olha que o tema era para falar sobre os desafios de uma TV Aberta. Outra coisa, acho que esqueceram de avisar a ela que ali naquele auditório havia também estudantes de Jornalismo porque ela só se dirigia aos “futuros publicitários”. Eu estava ouvindo aquilo tudo já com uma certa impaciência. Ao meu redor colegas de curso que também já tinham percebido o caminho da palestra. Até lembrei duma música da Nação Zumbi: Corro e lanço um vírus no ar/sua propaganda não vai me enganar...


Enleio: a publicitária, certa mesmo de que ali só estavam estudantes de publicidade falou a frase de sua desgraça: “...a gente pega o jornal, aquele trambolho que larga tinta...”. A vontade que me atacou foi a de gritar perante todos que ali se encontravam e dizer que jornal não era um trambolho! Jornal é tanto quanto a TV um meio de comunicação. Que é no jornal que suas propagandas são expostas também! Ora!! Trambolho é a ... Ah!! Deixa pra lá!!

Depois disso acho que a noite não fazia mais sentido para mim. Levantei-me silenciosa e sombria só não tinha um copo na mão como numa canção de Gilberto Gil, que diz exatamente o que eu sentia naquele instante ...o ar sombrio de um rosto/ Está cheio de um ar vazio/ Vazio daquilo que no ar do copo/ ocupa um lugar... Eu queria mesmo era ir embora dali, gritando por dentro, arranhando minha mente com a lembrança da frase que desrespeitou colegas de profissão. Eu só queria uma especialização, não uma frustração...


por Jaquelyne Costa, graduanda em Jornalismo em Multimeios.