Fenagri atraiu expectativas de novos negócios

. 21 julho 2009


A Feira Nacional da Agricultura Irrigada (Fenagri) terminou no último sábado com a expectativa de consolidar novos contratos de exportação para as frutas e outros produtos da Vale do São Francisco. Mesmo em meio a crise financeira que diminuiu os lucros das empresas agrícolas da região, os participantes comemoram o evento.

Embora ainda não se tenha divulgado o volume total das rodadas de negociação, o Secretário de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Jairton Fraga, acredita que a previsão de geração de negócios da ordem de 100 milhões foi atingida. Foram 170 stands expostos durante os três dias e houve um público estimado de 60 mil visitantes, como declarou o secretário.

Um dos diferenciais este ano foi o espaço de realização do evento que ocorreu no Campus III na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Para o Prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho, "a UNEB foi uma possibilidade interessante porque tem o campo agrícola, as áreas demonstrativas e está dentro da cidade. A universidade comprou a idéia e nós agradecemos a parceria que foi importante para o sucesso da feira", disse o prefeito.


Os empresários aproveitaram a feira para conhecer as novas tecnologias e renovar parcerias com bancos e empresas. O presidente da Câmara da Fruticultura de Juazeiro, Ivan Pinto, ressaltou a importância da Embrapa, EBDA e do Sebrae no desenvolvimento de projetos para a região e garantiu que o apoio dessas instituições são importantes para compreender as novidades do setor. "Eu já consegui conhecer novos produtos e máquinas. Este ano está muito mais parecido com uma feira de agronegócio e não com uma festa como já aconteceu antes", comenta Ivan.

Agricultura Familiar

Dentro da Fenagri também houve espaço para a exibição de produtos da agricultura familiar. Uma ala foi construída especificamente para pequenos produtores. Para a professora da UNEB, Edonilce Rocha, a Fenagri nasceu tradicionalmente com a Festa do Melão, que era uma valorização do que era plantado pelos agricultores familiares. “Hoje, eles são mais expectadores que expositores", declara a professora, em contraposição ao crescimento do agronegócio da região, presente em grande parte dos Stands da Fenagri.

Um dos motivos para a pouca participação dos pequenos produtores no mercado local se deve a dificuldades por não terem se adaptado à lógica do grande capital nos perímetros irrigados, como demonstra pesquisa feita pela professora. Nos últimos anos, os investimentos do governo federal, aos poucos, tem mudado essa realidade, como esclarece Barros.

Atualmente, agricultura familiar é responsável por 32% da produção nacional e representa 50% dos produtos que fazem parte da cesta básica, além de ser responsável por 25% das terras cultivadas do Brasil. Também são mais de 14 milhões de pessoas nesse setor agrícola.

O líder dos Agricultores Familiares de Lajes, em Sento Sé, Flávio Alves, participou pela primeira vez da feira com a produção do povoado onde ele mora. "O doce do umbu e do maracujá tem melhorado a vida da comunidade e a gente está confiante que os resultados virão", diz Flavio Alves. Um dos anseios dos expositores é poder firmar novos contratos que ajudem a aumentar a renda das comunidades que, em sua maioria, trabalham de forma organizada e respeitando a qualidade dos solos evitando o uso de defensivos agrícolas.
 

Por João Barbosa

fotos Emerson Rocha