Projeto desenvolve polinização do maracujá amarelo em Maniçoba

. 15 agosto 2009
A Bahia é o principal produtor brasileiro de maracujá amarelo com cerca de 77 mil toneladas, em 7,8 mil hectares. Em Juazeiro, o Projeto Maniçoba concentra a maior produção do fruto no Estado. Com o objetivo de melhorar a qualidade do produto e reduzir os custos da mão-de-obra, o Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) desenvolve pesquisa sobre a influência da caatinga na polinização do maracujá, utilizando a abelha como prestador do serviço.

Iniciado em fevereiro do ano passado, o projeto ajuda os pequenos colonos que plantam maracujá. Segundo a professora Kátia Medeiros de Siqueira, por ser uma vegetação nativa, a caatinga influencia diretamente a polinização do fruto. Na área, onde é realizado o estudo, encontra-se a umburana de cambão, planta escolhida pelas abelhas para fazer seus ninhos. Entretanto, não é hábito do pequeno produtor local considerar o inseto como prestador de serviços para a polinização na produção do maracujá. Além disso, a abelha tem sua população reduzida devido ao desmatamento das áreas nativas e o uso de agrotóxicos.

Em todo o Brasil, já existem pesquisas sobre polinizações de maracujá, contudo utilizam um sistema de plantio diferente do Projeto Maniçoba, que é do tipo espaldeira. Em Minas Gerais , a polinização manual é mais restrita. Os produtores dependem bastante das abelhas para polinizar o fruto, valorizando-as, assim, muito mais que os agricultores baianos.

Outro fator agravante na cooperação abelha/produtor é a exploração do tronco da umburana de cambão por parte de um grande número de artesãos na confecção de carrancas, como afirma a pesquisadora, o que reduz a população de insetos que utilizam o tronco desta planta para construir seus ninhos. “A preservação da caatinga e dessas plantas é importante para que as abelhas tenham lugar para fazer ninho. Apesar de sabermos que ela pode fazê-lo em tronco de coqueiro ou tronco de mangueira apodrecido, a preferência natural dela é pela umburana de cambão”, alerta Siqueira.

Durante o estudo, as famílias produtoras recebem acompanhamento feito por bolsistas da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), que fazem a marcação das umburanas através do sistema eletrônico GPS, com monitoramento em laboratório. Segundo a estudante de Agronomia Tainara Ferreira, nos cultivos, a presença da atividade das abelhas é constatada por meio do índice de frutificação natural. “Selecionamos três linhas de plantio, contamos o número total de flores e plantas de maracujá e marcamos 100 delas. Uma semana depois, voltamos lá e vemos quantas foram polinizadas e deram frutos”, explica.

Os benefícios dessa produção orgânica já podem ser encontrados. Com a utilização da polinização pelas abelhas, o produtor diminui os gastos com contratação de mão-de-obra manual, específico para grandes safras. Além disso, os frutos possuem mais polpa e nutrientes, sendo considerados mais saudáveis.

Por Natália Carneiro
Foto: Emerson Rocha