“Carnaval é Carnaval para Todos”

. 19 fevereiro 2010
Quem não espera ansiosamente o carnaval chegar, para mascarar a mesquinhez do corre-corre do dia-a-dia com alguns momentos de felicidade, dança e animação? E, pior, quem não lamenta o término desses dias e deseja que eles durem alguns minutinhos mais? Seja criança adulto ou idoso, o carnaval contagia a todos, sem distinção de cor, idade ou classe social.

Quem foi ao carnaval de Petrolina este ano, percebeu isso. Senhoras mascaradas, crianças fantasiadas, adultos dançando, cantando, pulado, vivendo. Como também sou gente, estava lá, fazendo o mesmo que as demais pessoas: permitindo que a magia do carnaval me contagiasse e sentindo o que o cotidiano não me permite sentir - alegria, alegria, alegria.


Envolvida pelo clima do momento, fotografando a animação e extravasamento das pessoas, um grupo de amigos me chamou a atenção. Eles também se divertiam, mas faziam e sentiam algo diferente das outras pessoas que ocupavam aquele espaço. Todos estavam lá, fugindo da mesmice da vida, longe de trabalho, longe de preocupações.
Contudo, esses amigos não. Mal tratados e maltrapilhos, eles se abraçavam, riam e conversavam com uma felicidade e brilho no olhar que apenas as crianças, desprovidas das mazelas da vida, são capazes de transparecer. Um deles era deficiente físico, possuía apenas uma perna, mas, nem por isso, mostrava-se menos feliz que os demais.

Todavia, o que me chamou a atenção, não foi tanto a aparência deles, mas, o que faziam além de se abraçarem e demonstrarem felicidade. Como quem mostra um doce ganhado como premiação, um deles abriu um saco e deste caíram inúmeras latinhas de cerveja e refrigerante; eram o seu “ganha-pão”. E, enquanto os foliões consumiam no deleite dos festejos, os amigos celebravam o carnaval e a boa quantidade de latinhas conseguidas, sobras da alegria dos outros e motivo de comemoração para quem sabe o quão difícil é sobreviver em um mundo tão desigual.

O carnaval chegou ao fim, para a tristeza de muitos que, com certeza, souberam aproveitar cada instante. Para aqueles amigos, isso não foi diferente. Eles também foram foliões, porém, com uma única diferença: além de diversão, aquela foi uma oportunidade de trabalho. O que não fez com que o carnaval deles tenha sido melhor ou pior, afinal “carnaval é carnaval para todos”. O brilho nos olhos e o sorriso que eles traziam não me permitem mentir.


Edilane Ferreira
Estudante de Comunicação Social-Habilitação em Jornalismo e Multimeios (UNEB) e Letras Português (UPE).