Mais um na contramão

. 10 setembro 2010
Deixo para os crédulos, o trabalho delegado a Sísifo
Deixo para os justos, carregar o peso na consciência de não “ter andado com as sandálias dos outros”
Deixo para os mestres, as patas do cavalo preto apocalíptico
Deixo para os donos do alheio, o rigor da Sharia
Deixo para os caluniadores, o destino de Janes e Jambres
Deixo para os iluminados, o confinamento na Caverna de Platão
Deixo para os prepotentes, o lago de Narciso
Deixo para os amores interesseiros, sentir o (des)gosto do beijo comprado
Deixo para os traidores, a corda de Judas e as trinta moedas
Deixo para os doutos, os doze trabalhos de Hércules
Deixo para os estadistas, orgulharem-se das ruínas de um sistema carcomido

Que façam e aconteçam! Minha canção tem um quê de anarquia.
“Enquanto houver espaço, corpo e tempo e algum modo de dizer não, eu canto”.
Desejo somente a inigualável tarefa de “viver a divina comédia humana onde nada é eterno”.

Por Laércio Lucas
Estudante de Jornalismo em Multimeios da Universidade do Estado da Bahia