Um salto da democracia

. 02 outubro 2010
Aqui, no Brasil, os últimos dias foram de muita correria em busca do voto do eleitor, pois estamos prestes a escolher os nossos representantes, nas urnas temos o poder de escolher “o melhor para todos”. Mas, será que nós cidadãos temos essa consciência do que é bom para o país e também para todos? E eles, os políticos? Candidatam-se em prol de um Brasil melhor ou apenas em busca de uma garantia de dias mais confortáveis para toda a família?E coloca família nisso, já que a filha, o filho, o genro, a esposa, o gato, o cachorro e o periquito podem ser candidatos a alguma coisa ou qualquer coisa nessa eleição.
Não é incomum várias pessoas de uma mesma família pleitearem uma vaga no poder público, nem que seja para ganhar aquele dinheirinho que todo candidato recebe para investir na campanha política. Há também aqueles que estão tão em débito com a Justiça que preferem não arriscar uma possível cassação. Nesse caso preferem colocar no seu lugar alguém que os substitua só para não largar o “velho osso”.
Nessas eleições a grande discussão é a respeito da recente lei Complementar nº135, sancionada no dia 4 de junho de 2010, nomeada “Ficha Limpa”, que prevê a suspensão da candidatura de políticos condenados em decisões colegiadas ou que tenham renunciado a mandato eletivo para escapar de cassação. Graças a mobilização de milhões de brasileiros foi possível dar o primeiro passo para uma democracia livre da corrupção. Teoricamente, é de grande valia para a sociedade, mas será que vai funcionar de forma devida? Sabe-se que foi aprovada e vai entrar em vigor, o que não se sabe é se vai valer para essas eleições. O STF alega a falta de um ministro no corpo dos magistrados, que ainda não foi nomeado, pois contando com apenas dez a votação pode dar empate.
A grande dúvida é se os candidatos que tiveram seus registros indeferidos poderão concorrer nessas eleições. Segundo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Ricardo Lewandowski, em entrevista ao portal G1, ainda há tempo, mesmo depois das eleições. Os candidatos com registros indeferidos poderão concorrer e fazer suas campanhas normalmente. Entretanto se a lei for validada para essas eleições, eles não poderão assumir os cargos aos quais estão concorrendo.
Pode-se dizer que a democracia deu um salto contra a impunidade de alguns políticos, ainda que a lei não esteja atuando como deveria. Às vésperas da eleição, cabe a cada um de nós brasileiros votar com consciência, procurar saber o passado do seu candidato, pois caso a justiça eleitoral não resolva, não devemos ser responsáveis por escolhas infelizes.
Anna Charlotte Reis
Aluna de Comunicação Social: Jornalismo em Multimeios da UNEB e Letras/inglês da UPE.

Matéria publicada com exclusividade no jornal Gazzeta do São Francisco 2 de outubro de 2010